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Hospedagem social

Com transferência de últimos hóspedes, prefeitura de Porto Alegre interrompe pagamentos à Pousada Garoa

Apesar de contrato ter validade até dezembro, repasses eram realizados em relação às vagas efetivamente ocupadas. Nas últimas semanas, 12 pessoas que usavam os vouchers foram transferidas. Em abril, incêndio em uma das unidades causou 11 mortes

17/09/2024 - 10h19min

Atualizada em: 17/09/2024 - 10h32min


Gabriela Plentz
Gabriela Plentz
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Incêndio da madrugada de 26 de abril provocou a morte de 11 pessoas.

A prefeitura de Porto Alegre afirmou nesta segunda-feira (16) que as últimas 12 pessoas vinculadas à Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) que ainda eram acolhidas em unidades da Pousada Garoa deixaram os estabelecimentos nas últimas semanas. A retirada desses hóspedes representa o fim do vínculo do poder público municipal com a rede, cinco meses após o incêndio que matou 11 pessoas em uma das instalações da empresa.

O contrato entre a prefeitura e a Garoa vence em 19 de dezembro. Mesmo assim, segundo a Fasc, a partir deste mês, o poder público deixa de ter custo mensal com a rede, já que os pagamentos eram feitos apenas quando vagas eram efetivamente ocupadas. O vínculo também não vai ser renovado.

No fim do mês passado, eram 19 acolhidos na rede Garoa. Parte deles foi transferida para o Abrigo Marlene, no bairro Menino Deus. Uma casa de passagem aberta na Zona Norte no início deste mês também serviu como alternativa para o atendimento da população em situação de rua.

Sobre o incêndio de abril deste ano, a prefeitura afirma que segue em andamento a investigação interna para apurar o ocorrido.

Investigação da Polícia Civil

O inquérito da Polícia Civil sobre o incêndio da madrugada de 26 de abril também permanece em aberto. Na sexta-feira (13), em entrevista ao programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, o delegado Daniel Ordahi sinalizou que os trabalhos estão se encaminhando para o final.

Ainda faltam ser ouvidos alguns servidores da Fasc, além de bombeiros, que devem falar sobre a parte técnica do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e dos alvarás. O objetivo é entender o que diz a legislação sobre as permissões de funcionamento.

Ordahi afastou a hipótese de o incêndio ter sido criminoso:

— Nós pegamos imagens do Ceic (Centro Integrado de Coordenação de Serviços) de Porto Alegre, da região. Essa versão (do incêndio criminoso) é muito pouco provável.

Conforme Ordahi, o laudo não é conclusivo sobre a causa do incêndio. O foco foi localizado perto do mezanino, no térreo, próximo a um dos quartos da pousada.

As 11 vítimas já foram identificadas. O delegado não divulgou os nomes, mas confirmou que todas eram hóspedes.

A investigação ouviu testemunhas, sobreviventes, o proprietário da pousada, bombeiros, Defesa Civil e funcionários da Fasc.

— É um inquérito complexo. Muitas das oitivas nós precisamos nos assessorar de pessoas que entendem da questão do PPCI, da lei da liberdade econômica. Com base no que a legislação vai nos indicar, nós vamos identificar se houve ou não infração a um desses preceitos — revelou Ordahi.

Relembre o caso

Uma unidade da Pousada Garoa na Avenida Farrapos foi atingida por um incêndio na madrugada de 26 de abril. O prédio fica entre as ruas Barros Cassal e Garibaldi, a poucos metros da estação rodoviária. O fogo começou por volta das 2h30min e se espalhou rapidamente pelos quartos da pousada.

Os bombeiros encontraram 10 vítimas. No dia 6 de maio, um homem que fora ferido no incêndio e estava hospitalizado faleceu, ampliando o total de mortos para 11.

A rede de pousadas Garoa era conveniada pela prefeitura para abrigar pessoas em situação de vulnerabilidade. Na unidade atingida pelo fogo, havia naquela noite 30 hóspedes, dos quais 16 tinham a estadia custeada com dinheiro público.



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