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Episódios de chuva, pouco calorão e menos fumaça: como será o tempo em outubro no RS

Mês já deve iniciar com retorno da instabilidade, de forma menos expressiva. Temperatura poderá passar dos 30°C pontualmente, sobretudo no norte do Estado

30/09/2024 - 12h23min


Jhully Costa
Jhully Costa
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Jonathan Heckler / Agencia RBS
Algumas regiões do RS podem ter precipitação acima da média, enquanto outras ficarão ligeiramente abaixo.

O mês de outubro deve ser marcado por diferentes episódios de chuva, ausência de longos períodos de calorão e menor intensidade da fumaça no Rio Grande do Sul, projetam meteorologistas. Algumas regiões podem ter precipitação acima da média, enquanto outras ficarão ligeiramente abaixo. Em relação à temperatura, o cenário é semelhante, sendo que os termômetros só devem passar dos 30°C pontualmente.

Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comenta que, após o evento expressivo de chuva registrado na última semana de setembro, o início de outubro já será marcado pelo retorno da instabilidade. O sistema deve permanecer sobre o RS durante dois dias, a partir de terça-feira (1º). O volume, contudo, não será tão grande quanto o anterior, que gerou alagamentos na Região Sul.

— Outubro será um mês bem marcado pela constância. Teremos um período de chuva muito bem delimitado, toda semana devemos ter a passagem de uma frente, daí essa chuva vai ser um tanto frequente ainda em outubro, especialmente no começo. Depois, por alguns momentos, vai oscilando pelas regiões do Estado — explica.

A perspectiva é que, na primeira quinzena, a chuva fique mais bem distribuída pelo RS. Já no começo da segunda metade de outubro, deve se concentrar mais na Região Norte e, no final, no Sul. Por isso, Lopes considera que ainda será um mês bastante chuvoso, com precipitação acima ou próxima da média em grande parte do Estado.

O meteorologista da Climatempo Vitor Takao Suganuma pondera, contudo, que parte do Centro-Sul, da faixa Leste e do Litoral Norte pode ter chuva ligeiramente abaixo da média. Isso é justificado pelo direcionamento dos corredores de umidade que circularão para áreas mais do norte e noroeste do RS e acabam concentrando a instabilidade nessas regiões — onde a precipitação ficará, portanto, dentro ou um pouco acima da média.

— É importante ressaltar que “ligeiramente abaixo da média” não quer dizer que não vai chover. A média de chuva no Rio Grande do Sul no mês de outubro ainda é relativamente considerável. A média é diferente em cada região, mas para áreas do Sul e Leste temos volumes que podem chegar até 170 e 220 milímetros e, para áreas da Região Noroeste e parte das Missões, podem ultrapassar os 250 milímetros — afirma Suganuma.

Conforme Lopes, é possível que o Estado tenha algum evento que concentre um pouco mais de chuva, porque tem se visto sistemas mais lentos passando pelo território gaúcho, com dificuldade de subir para as outras regiões do Brasil:

— Não se pode descartar um evento de chuva como ocorreu nessa última semana. Localmente, teremos alguns períodos mais volumosos de chuva, porque é uma questão característica da primavera. Temos a tempestade e alguns eventos de chuva mais extremos.

Temperatura

Em função da chuva, a temperatura não deve se elevar muito. O meteorologista da UFSM pontua que, por mais que o RS registre períodos quentes durante outubro, a previsão indica que serão mais curtos, intercalados com os dias de instabilidade.

De acordo com Suganuma, a temperatura poderá ficar um pouco acima da média nos municípios do Interior, como na região das Missões, na Fronteira Oeste e em parte do Sul. Já áreas do Noroeste, Leste, Centro e Vales devem ter temperatura dentro da média — que fica em torno de 24°C e 26°C em outubro.

— O que explica essas regiões mais ao oeste do Estado ficarem com temperatura um pouco acima da média é justamente o escoamento de ar que vem das regiões norte e central do continente. É um ar quente e seco que, muitas vezes, por conta de alguns sistemas que se formam ali na altura da região do Paraguai, é transportado para a região, principalmente para o interior, tanto do RS quanto dos outros Estados da Região Sul — esclarece o meteorologista da Climatempo.

Em contrapartida, nas demais regiões haverá circulação de vento marítimo, que pode trazer um ar mais fresco e, assim, regular a temperatura, deixando-a dentro da média. De toda forma, os termômetros podem chegar ou até ultrapassar os 30°C ao longo do mês em algumas cidades gaúchas, como Uruguaiana, Santa Rosa e São Luiz Gonzaga.

— Outubro é um mês em que geralmente já temos temperatura acima de 30°C ocorrendo. Mas especialmente no Norte esperamos que esse calor seja mais frequente. Temos uma massa de ar quente bastante intensa no centro do Brasil e essa proximidade fará com que lá tenha dias mais quentes com mais frequência — acrescenta Lopes.

Fumaça das queimadas

Presente durante muitos dias de agosto e setembro, a fumaça oriunda das queimadas em outros Estados do Brasil e em países vizinhos continuará preenchendo a atmosfera do Rio Grande do Sul. Mas a intensidade deve ser menor, em função do retorno da chuva em algumas das áreas que enfrentam incêndios. O meteorologista da UFSM ressalta, entretanto, que essa instabilidade ainda não será o suficiente para normalizar a situação:

— Com a manutenção dos incêndios, é muito provável que tenhamos o retorno da fumaça ainda nas próximas semanas. Isso por duas condições: porque ainda não vai ter chuva o suficiente nas outras regiões do Brasil e porque, como teremos esse cenário de chuva no Rio Grande do Sul, teremos com maior frequência rajadas de vento de norte, que trazem a umidade para cá e, consequentemente, a fumaça junto.

La Niña

Suganuma aponta que o Oceano Pacífico Equatorial já vem apresentando uma temperatura ligeiramente abaixo da média nos últimos meses, por isso, no decorrer de outubro é possível que já haja alguns efeitos relacionados ao La Niña no Brasil. O meteorologista da Climatempo destaca, contudo, que se espera um fenômeno ameno, sem impactos tão acentuados.

— Temos um início de primavera ainda não tão assinalado para a Região Sul por conta do La Niña, que vai ser um evento com intensidade mais amena. No final de novembro e em dezembro, teremos, realmente, os efeitos mais significativos e conhecidos do fenômeno para a região — conclui.


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