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Direto da Redação

Giordana Cunha: "Morrer ou (sobre)viver?"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

25/09/2024 - 05h00min

Atualizada em: 25/09/2024 - 05h24min


Giordana Cunha
Giordana Cunha
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Agência RBS / Agência RBS
Direto da Redação

Atenção: este texto contém inúmeras frases comuns e clichês. Porém, nuas e cruas. 

“Tudo é político quando você é mulher” e “Nossa existência já é um ato de resistência”. Essas duas afirmações têm respondido muitas questões existenciais pessoais. Já pararam para pensar que vivemos a vida inteira carregando um medo que é majoritariamente feminino? Me refiro especificamente ao temor do estupro. 

Desde cedo somos doutrinadas ao recato, para “não causar desejo aos homens”, afinal, “eles não controlam seus instintos”. Enquanto tentam nos “educar”, criminosos cometem um estupro a cada seis minutos no Brasil, segundo dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2023. O estudo assusta ainda mais quando aponta que 76% das vítimas correspondem ao crime de estupro de vulnerável. 

Escolha

Prefiro a morte do que ter de carregar a dor de sofrer um estupro. Se algum dia eu sentir que estou prestes a ser vítima de um abuso sexual – se isso for possível –, grito até meu coração parar. Minha família já está avisada quanto a isso. O criminoso pode até me ameaçar na hora, mas vou optar pelo fim. É inaceitável uma mulher ter que pensar nisso e, ainda por cima, ter que escolher entre a morte ou (sobre)viver. 

Ao andar na rua, meus olhos procuram incansavelmente um lugar ou estabelecimento comercial que possa servir de refúgio caso eu me sinta acuada. E não sou a única. Segundo a pesquisa Percepções Sobre Segurança das Mulheres nos Deslocamentos pela Cidade, de 2021, realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão, pelo menos oito em cada 10 brasileiras usam medidas de segurança nos seus percursos. O semáforo da vida feminina só tem uma cor: amarela. 

A paz não faz morada em nosso coração – e, desculpem o pessimismo, acredito que nunca vai fazer.


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