O vendedor aposentado Arides Pereira Cardoso, 73 anos, espera há dois anos e meio por uma consulta com pneumologista pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O morador de Gravataí foi em busca de atendimento médico em março de 2022 a fim de investigar a dificuldade de respirar que vinha sentindo havia alguns meses, e até hoje não obteve um diagnóstico. 

Devido à espera, Arides já havia recorrido ao Diário Gaúcho em maio do ano passado. À época, ele aguardava pela visita ao médico e por dois exames, solicitados entre março e abril: uma espirometria, que é uma avaliação da respiração, e uma tomografia computadorizada do tórax. As solicitações foram feitas pelo médico de uma clínica popular que o aposentado procurou por causa da demora do sistema público. 

O exame de imagem foi realizado em fevereiro deste ano, mas ainda não passou por avaliação de um especialista.

O tempo passa e os sintomas de Arides persistem. A falta de ar e o excesso de secreção acompanham o dia a dia do aposentado e pioram à noite, causando dificuldade para dormir. 

— Agora eu fico mais em casa, mas se ainda trabalhasse ia ser complicado — enfatiza. 

A demora para ver um pneumologista preocupa Arides, que tem a saúde pulmonar ameaçada há alguns anos. O idoso sofreu um aneurisma em 2013 e, durante a internação, foi identificada a presença de água nos pulmões. Além disso, exames de rotina feitos cerca de dois anos atrás apresentaram uma suspeita de broncopatia e congestão pulmonar.

Caso é considerado “não urgente” 

Procurada pela reportagem no ano passado, a Secretaria de Saúde de Gravataí não deu parecer sobre a posição de Arides na fila de espera em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Na ocasião, a pasta ressaltou que o tempo médio de espera para consulta com pneumologista na cidade é de dois anos e meio, enquanto para os exames é de dois anos. 

Ao ser questionada novamente, durante a produção desta nova matéria, a SMS informa que Arides está classificado como “não urgente”, “mas em caso de agravo pode procurar o posto de saúde mais próximo de sua residência e solicitar reavaliação médica”. A pasta ainda reitera que “a ordem de chamada obedece a data de solicitação, mas principalmente de prioridade de atendimento conforme prescrição e orientação do médico e sua classificação de risco”.

Produção: Caroline Fraga