Coluna da Maga
Magali Moraes: o sol vermelho
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Poderia ser apenas a natureza e seus encantos, mas é o bicho homem e suas ações. Essa semana, o sol vermelho que nos surpreendeu no amanhecer não tem nada de bonito. É fumaça e fuligem das queimadas na Amazônia e em outros estados, que atingem também a Bolívia e o Paraguai. A cidade de São Paulo teve o ar mais poluído do mundo, liderando um vergonhoso ranking internacional. Sabe aquele pôr do sol alaranjado lindo? Também é resultado da poluição do ar.
Ah se fosse mais um filme catastrófico de fim de mundo passando na TV. É o que a realidade nos apresenta nas ruas. No ar pesado que entra pela janela aberta e vai direto pro nosso nariz. Melhor fechar tudo, evitar ambientes abertos e tomar muita água pra hidratar o sistema respiratório, como recomendaram. Até as máscaras faciais voltaram a circular. Viu como o descaso “lá longe” com a floresta amazônica afeta aqui a nossa vida? É ano de eleições, e a pauta ambiental precisa ser levada a sério.
Chuva preta
Quando você estiver lendo essa coluna, tomara que já tenha chovido a tal chuva preta no maior número possível de cidades. Pra lavar o céu e limpar o ar. Pro sol nascer iluminado de novo, e aliviar esse nublado constante. Pra palavra nublado voltar a significar céu coberto de nuvens, e não de fumaça de incêndios que destroem o meio ambiente. A fumaça que a gente gosta de ver em setembro é aquela que vem do Acampamento Farroupilha: das churrasqueiras do Parque Harmonia.
Lembra como todo mundo andava traumatizado com o barulho de chuva por causa das enchentes de maio (que ano, hein)? Taí uma boa oportunidade do ato de chover recuperar sua boa imagem entre nós. A chuva que faz um faxinão necessário no ar. Assim como a chuva mansa que embala o sono, a que ameniza o calor fora de época, a que rega as plantas e a grama. Esse sol apocalíptico cercado de céu cinza funciona mais em uma camiseta onde se lê “Sol vermelho: eu sobrevivi”.