Direto da Redação
Michele Vaz Pradella: "Na prática, poucas mudanças"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Escrevi meu primeiro texto sobre inclusão e acessibilidade em agosto de 2011, na extinta coluna Ponto de Vista, aqui no DG. Naquela época, ainda não havia o Estatuto da Pessoa com Deficiência, lançado em 2015. Não existia, portanto, amparo legal para quem se sentisse desrespeitado.
De lá para cá, escrevi outras colunas sobre o tema, como por exemplo, sobre quem estaciona em vagas destinadas a pessoas com deficiência ou que usa banheiros reservados. Nos últimos dois anos, iniciei uma série de matérias sobre os principais locais públicos de Porto Alegre e seus problemas de acessibilidade. Algumas questões foram sanadas, mas ainda há muito a ser feito, e isso passa, principalmente, pelos órgãos governamentais responsáveis.
Tudo igual
Nos últimos 13 anos, apesar da criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, pouca coisa mudou.
Na prática, as calçadas de Porto Alegre continuam impossíveis para quem anda em cadeira de rodas, usa muletas ou possui quaisquer dificuldades de locomoção. Prédios públicos e privados mantêm escadarias como única opção de acesso. Não há fiscalização nos locais de estacionamento, de forma a coibir motoristas sem credencial de estacionarem em espaços destinados a PCDs. Banheiros usados indiscriminadamente, então, nem se fala!
No que me cabe, sigo produzindo reportagens em forma de denúncia, sempre com a esperança de conscientizar os órgãos responsáveis. Já que, além de pessoa com deficiência, sou jornalista e tenho nas mãos o "poder" de trazer a público a luta diária de falta de acessibilidade e inclusão, sinto-me na obrigação de mesclar todas as minhas personas – pessoa com deficiência, cidadã, jornalista – na luta por mais respeito e menos preconceito.
Dia 21 de setembro é Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Eu uso as armas que tenho para fazer minha parte. E vocês?