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Tradição e festa

Sábado teve garoa fina, costela no espeto e Missa Crioula no Acampamento Farroupilha

Milhares de pessoas circularam pelo Parque Maurício Sirotsky Sobrinho desfrutando de música galponeira, comida típica e passeando pelos piquetes e lojas de indumentária gauchesca

14/09/2024 - 17h55min


Humberto Trezzi
Humberto Trezzi
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Ronaldo Bernardi
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A chuva fina que caiu sobre Porto Alegre na manhã deste sábado (14) não afugentou os admiradores do gauchismo. Milhares de pessoas compareceram no Acampamento Farroupilha montado no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. A intenção era desfrutar de churrasco e bom chimarrão, fandango e trago (como na canção do Gaúcho da Fronteira), não necessariamente nessa ordem. E conseguiram.

O odor permanente de carne na brasa, verdadeiro perfume para quem aprecia, se espalha pelos quarteirões molhados do parque. O churrasco está onipresente em quase todos os 187 piquetes montados na região próxima à orla do Guaíba, entre árvores. Alguns preparam outras iguarias, como carreteiro de charque, aipim cozido e abóbora assada.

Mesmo quem não conhece ninguém nos piquetes consegue satisfazer os desejos pela comida gauchesca. Ela é servida em dezenas de restaurantes e lanchonetes. Além do rodízio de churrasco, é possível desfrutar de pratos mais simples, como costela assada, arroz e salada de batata com maionese. Outros oferecem hambúrguer de costela desfiada, com acompanhamentos. Os que estão sem muito apetite podem se atracar num espetinho misto - há vários à disposição. 

Os preços não são baratos, nem caros, se levado em conta a estrutura necessária para armar o acampamento e o fato de ser uma iniciativa comercial. Tudo acompanhado por música, que parece emanar de um em cada dois piquetes. Instrumento que não falta é o acordeão, acompanhado do violão. Alguns estandes de costaneira, sobretudo os montados por empresas, colocaram guitarra, baixo e bateria para acompanhamento. E o Acampamento Farroupilha ganha ares de fandango, com músicas que exaltam o povo do sul.

No piquete Raiz Missioneira (formado por gente nativa das Missões, como indica o nome), a novidade é a Missa Crioula. Celebrada pelo frei Rodrigo Cichowicz, da Paróquia Santa Clara (da Lomba do Pinheiro), ela é toda entoada em versos gauchescos e tem se repetido com periodicidade, para delícia dos frequentadores. Num linguajar em que Deus é Patrão do Céu, o frade recita frases com metáforas, do tipo "O bom tropeiro dá a vida por suas ovelhas", numa referência à missão religiosa. 

O frei, na homilia, também faz parábolas com o Dilúvio e ressalta a tragédia da enchente no Rio Grande do Sul. O piquete tem um local destinado a arrecadar donativos para as vítimas da tragédia climática , ressalta Ivete Engler, uma das líderes do Raiz Missioneira.

O visitante do acampamento não vai sofrer de tédio. Pois, ele pode simplesmente passear, pesquisando lojas de produtos gauchescos, como pilchas e facas artesanais. Quem ficou com vontade de conhecer tem ainda quase uma semana de festejos farroupilhas pela frente.

Chama Crioula foi acesa

A Chama Crioula foi acesa na manhã deste sábado (14) pelo vice-governador Gabriel Souza, em cerimônia realizada no Palácio Piratini. O ato é considerado o marco do início dos festejos da Semana Farroupilha no Estado, já que o 20 de setembro ocorre na próxima sexta-feira. 

Souza recebeu a centelha da chama das mãos da presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Ilva Goulart. Durante o seu discurso, o vice-governador  destacou que os festejos deste ano têm ainda mais simbolismo, pois reforçam a resiliência do povo gaúcho para se recuperar da tragédia climática que atingiu o Estado em maio. Também estiveram na cerimônia a secretária estadual da Cultura, Beatriz Araujo, e o secretário estadual do Turismo, Ronaldo Santini, entre outras autoridades.


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