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Reconhecimento internacional

"Ajudar pessoas com deficiência": estudantes gaúchos irão à Romênia apresentar solução inclusiva voltada a emergências climáticas

Alunos criaram um dispositivo que emite sinais de alerta adaptados. Projeto foi premiado em etapa nacional, o que garantiu lugar entre os finalistas em campeonato mundial. Última fase ocorrerá em maio de 2025, em Bucareste 

07/10/2024 - 13h21min


Sofia Lungui
Sofia Lungui
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Rodrigo Barreto / Arquivo pessoal
Kayki e Brenda representarão o Brasil na Infomatrix 2025acompanhados do professor Rodrigo Barreto (à direita).

Os estudantes de Guaíba, na Região Metropolitana, Brenda Nascente Guterres, 18 anos, e Kayki Alves da Silva, 19, vão representar o Brasil na Infomatrix 2025, na Romênia. O evento busca incentivar a inovação em jovens cientistas com projetos de ciências, tecnologia e robótica. 

A dupla de alunos do curso Técnico em Informática da QI Faculdade & Escola Técnica desenvolveu um dispositivo eletrônico de adaptação de sistemas de alerta capaz de auxiliar pessoas com deficiência auditiva e visual. Batizado de “GuardTI”, o projeto surgiu a partir da enchente e da necessidade de construir soluções voltadas à inclusão e acessibilidade.

— Vimos muitas reportagens sobre pessoas com deficiência visual e auditiva que ficaram sabendo da enchente apenas com o cheiro da água. A Defesa Civil criou um sistema que envia alertas por SMS, mas não é algo inclusivo. A ideia surgiu assim, nosso objetivo principal é ajudar as pessoas com deficiência — afirma Brenda, que mora em Barra do Ribeiro e faz o curso técnico em Guaíba.

Os alunos não imaginavam o impacto que o projeto teria quando embarcaram para a Infomatrix Brasil, um dos maiores concursos de projetos científicos da América Latina. A dupla foi chamada ao palco três vezes para receber prêmios de destaque na 10ª edição da feira, que aconteceu entre 25 e 28 de setembro em Florianópolis (SC). 

Na ocasião, eles receberam o Prêmio "Orama" da Revista Iberoamericana de Divulgación y Cultura Científica, que dá direito a publicação de um artigo científico, o troféu "Lenda Solacyt" e medalha de platina, que são entregues ao melhor projeto da feira. Com isso, os jovens conquistaram um lugar na próxima final mundial da Infomatrix.

— Já estávamos empolgados para conhecer Florianópolis. Nunca ganhei algo tão grande. Nós criamos o projeto com o intuito de ajudar as pessoas e foi bem divertido fazer o trabalho. Nunca imaginamos que teria toda essa repercussão — diz Kayki, que pretende cursar uma graduação ligada à área de Tecnologia da Informação (TI).  

Momento de preparação 

Agora, os estudantes se preparam para tornar a viagem realidade. A final internacional será em Bucareste, na Romênia, entre 22 e 26 de maio de 2025. Além de fazer uma vaquinha, os alunos vão em busca de parcerias com empresas e recursos públicos, de modo a viabilizar o deslocamento.  

Somente o custo das passagens para Brenda, Kayki e o professor irem à premiação seria de pelo menos R$ 19 mil. Segundo o orientador do projeto, Rodrigo Moreira Barreto, que já levou outro grupo para participar do evento, a experiência é transformadora. 

— Temos que envolver os jovens nessa área da pesquisa, mostrar que é um caminho possível. Nosso maior papel como educadores não é ensinar como fazer relatórios e trabalhos, mas sim trazer oportunidades, fazer com que eles acreditem no potencial deles e fazê-los acessarem esses outros mundos — diz o professor e coordenador do Centro de Pesquisa Joseph Elbling, da QI Faculdade e Escola Técnica. 

Após o primeiro dia, em que os finalistas participam de atividades de integração, os grupos apresentarão seus trabalhos a uma banca composta por avaliadores especializados em cada área. Os jovens também têm a oportunidade de apresentar os projetos ao público geral e a representantes de empresas parceiras e patrocinadores da Infomatrix. 

O grupo de Guaíba vai participar da categoria Ciência Aplicada. Eles concorrem a certificados, troféu e medalha, sendo que o prêmio dá a possibilidade de ganhar bolsa de estudos em universidade estrangeira. A dupla também vai participar da Mostratec, feira de ciência e tecnologia realizada anualmente pela Fundação Liberato, em Novo Hamburgo, que ocorre de 21 a 25 de outubro. 

Conheça a solução 

Conforme Rodrigo, a ideia é que a solução criada pelos alunos possa ser utilizada pelas pessoas na prática. O dispositivo criado é acessível, barato e fácil de utilizar. Todo o projeto custou R$ 230 para ser construído

Após os eventos, com os feedbacks de especialistas, o grupo pretende criar uma segunda versão do dispositivo, que será produzido em larga escala por um custo mais baixo. Depois disso, a solução será disponibilizada de forma gratuita – tanto as instruções de como montar a caixa como o código, que será liberado de maneira open source

Algumas unidades ainda serão distribuídas para associações que atuam na luta pela inclusão, como a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs) e a Sociedade dos Surdos do RS. O dispositivo é capaz de converter alertas recebidos de sistemas de controle de desastres naturais em feedbacks multissensoriais personalizados.

A caixa eletrônica pode emitir sinais sonoros, visuais, táteis e hápticos, garantindo segurança e acessibilidade em situações de emergência climática. O dispositivo é capaz de se conectar ao smartphone do usuário por Bluetooth e identificar mensagens e chamadas, como os alertas da Defesa Civil.

O GuardTI conta com motor, sirene própria e tomadas para que o usuário possa ligar outros aparelhos eletrônicos. Com isso, a solução permite que pessoas com deficiência visual ou auditiva recebam as informações sobre eventos climáticos de forma nítida e eficiente.


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