Outubro Rosa
Cabelaço arrecada mais de 160 mechas de cabelo para a confecção de perucas destinadas a pacientes com câncer
Perda dos fios é um dos principais efeitos colaterais durante os tratamentos. Por isso, iniciativa busca promover a autoestima de quem passa por quimioterapia ou radioterapia
A terceira edição do Cabelaço arrecadou 165 mechas de cabelo para a confecção de perucas. Elas serão doadas a pacientes em tratamento contra o câncer no Centro de Oncologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O evento integra o calendário de atividades do Outubro Rosa da instituição, mês de conscientização sobre o câncer de mama. A ação é promovida anualmente em parceria com o Grupo Oncoclínicas e o Salão Hugo Beauty, responsável por realizar os cortes de cabelo nos voluntários.
A queda dos fios de cabelo é um dos efeitos colaterais do tratamento da doença, devido às sessões invasivas de quimioterapia e radioterapia. O foco do Cabelaço é minimizar este impacto na vida das mulheres.
— A perda de cabelo afeta muito a autoestima, especialmente das pacientes mais jovens. Por isso, essa ação é fundamental para ajudar a resgatar a confiança delas durante o tratamento — destacou Fabiana Viola, coordenadora do Centro de Oncologia do São Lucas e Oncoclínicas.
Os voluntários puderam levar as mechas de, no mínimo, 15 centímetros já separadas ou realizar o corte no local, com profissionais do Hugo Beauty.
Doações por diferentes motivos
Entre as voluntárias, a enfermeira Silvia Pedroso, de 52 anos, doou mechas pela primeira vez. Ela diz que o ato a fez refletir sobre o impacto do tratamento nas pessoas que enfrentam o câncer, tanto pela questão física quanto social.
Como mulher negra, ela destacou a importância de doar mechas de cabelos crespos, para que outras pacientes possam se identificar com as perucas que receberão.
— Isso me fez pensar na dificuldade das pessoas negras, tanto crianças quanto adultos, que estão passando por isso. Não adianta ser negro e ganhar uma peruca de cabelo liso. Eu queria que as pessoas também pudessem ter perucas com as quais se identificassem — afirmou a enfermeira.
Helenise Araújo, de 45 anos, auxiliar administrativa, foi voluntária pela segunda vez. Segundo ela, o impacto das perucas na autoestima das mulheres em tratamento foi o que a motivou.
— Vejo essa ação como uma oportunidade de ajudar as mulheres que passam por esse momento tão difícil, que é a luta contra o câncer, e de ajudá-las a se sentirem bonitas — destacou Helenise.
Não foram apenas as mulheres que participaram do Cabelaço. João Pedro May de Oliveira, de 18 anos, também auxiliar administrativo, raspou os cabelos para fazer a doação. O contato diário com os pacientes em tratamento oncológico o inspirou a fazer a boa ação.
— Eu já tinha vontade de doar e também de raspar o cabelo, então uniu o útil ao agradável. Foi uma forma de auxiliar os pacientes e alertar a população sobre a importância desse tipo de movimento — disse.
Câncer no RS
O Rio Grande do Sul teve mais de 5 mil casos de câncer de mama em mulheres e 1,5 mil mortes no ano passado, conforme dados levantados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Até 10 de outubro deste ano, foram 2.005 novas pacientes confirmadas e 980 que morreram pela doença.
*Produção: Murilo Rodrigues e Lucas de Oliveira