Eu nunca fui fã do famigerado “sextou”. Por escolha, não estou numa profissão que se folga todos os finais de semana, motivo pelo qual muitas pessoas aguardam ansiosas pelos dias de descanso. Não lamento, se eu fosse médica, piloto de avião ou astronauta, também não teria o final de semana livre. Lembro de pessoas que conheci e convivi que só viviam de sexta a domingo. No restante da semana, não tinham assunto, compromissos ou lazer. Acho isso triste. É como se a maior parte da semana não existisse a chance de viver momentos felizes ou de valor.

Mas tenho outras razões para não levar a sério o “sextou” e muito menos as contagens regressivas para o final do ano. Considero-me impaciente e evito gatilhos.

Esperar por uma data com o desejo de que chegue logo é focar no imprevisível sem olhar para os lados. Não sou daquelas que contam os dias. Prefiro abrir os olhos pela manhã e lembrar que a viagem programada é em dois dias – tempo suficiente para lavar roupas e arrumar a mala. Na realidade, não gosto de esperar e, se tivesse mais condições, também não programaria viagens, faria-as quando desse vontade. Mas nem tudo é como a gente quer.

Escolhas

Esperei ansiosa por datas marcantes na minha vida. Depois de vivê-las, sofri o luto de ter passado tão rápido, algo em que depositei tanta expectativa. Ouvi na semana passada uma frase que fez sentido para mim e talvez não faça para você: “não viva esperando, mas espere vivendo”.

Tudo são processos, às vezes mais dolorosos, outras, mais tranquilos. Mas, de vez em quando, é bom se perceber e perceber que os dias podem ser menos complicados se vivermos com a intencionalidade de torná-los mais leves. Comprar de vez em quando aquele docinho que te faz lembrar do final de semana ou descer do ônibus antes da sua parada para caminhar e fingir que poderia ser um trajeto como em uma viagem. Atitudes assim podem ser boas escolhas, principalmente para mentes ansiosas e impacientes como a minha.