Um a cada dois dias
Com estações fechadas, furto de cabos da Trensurb até outubro já é o dobro de todo o ano de 2023
Foram 173 casos nos primeiros 10 meses, enquanto no ano passado foram 74 crimes deste tipo
A Trensurb registrou 173 furtos e tentativas de furto de cabos até outubro deste ano. O dado significa que, em média, um caso foi registrado a cada dois dias.
Em todo o ano de 2023, foram 74 ocorrências, ou seja, menos da metade do balanço parcial de 2024.
Os fios danificados servem tanto para energia quanto para sinalização da via.
A enchente de maio é apontada como um dos fatores responsáveis por esse aumento nos casos. Com o fechamento das estações atingidas, a rede ficou desenergizada. Foi a primeira vez que criminosos furtaram cabos da rede aérea de alimentação de energia de tração dos trens.
Até maio, a maior incidência de tentativas de furto acontecia em Sapucaia e São Leopoldo. Depois, os ataques passaram a se concentrar na região central de Porto Alegre, da Estação Farrapos até Mercado.
Retorno do serviço
Os trens voltaram a circular até a Capital no dia 20 de setembro, quando foi reaberta a estação Farrapos. A previsão da empresa é de retomar a operação em São Pedro, Rodoviária e Mercado em 24 de dezembro.
Para isso, a empresa terá que restabelecer os cabos furtados no trecho de cerca de seis quilômetros.
Conforme o diretor de Operações da Trensurb, Ernani Fagundes, a empresa estuda uma alternativa para aumentar a segurança do sistema.
— Tem uma série de investimentos que a Trensurb tem que fazer para inibir esses ataques. Eestamos pensando, inclusive, no método construtivo que vamos adotar para recuperar de Farrapos até Mercado. Estamos estudando qual a melhor solução de lançar esses cabos novamente até o centro de uma forma que sejam protegidos, que não tenha como os ladrões cortarem e roubarem esses cabos — explica Fagundes.
Na semana passada, uma operação das polícias Civil e Federal apreendeu quase 180 quilos de cabeamento sem origem comprovada. A ofensiva foi resultado do trabalho da Trensurb com as forças de segurança para repreender o crime.
— Conseguimos convencer e demonstrar para as forças de segurança que isso não é uma questão de pequena monta, porque é um crime ferroviário, que coloca em risco a circulação dos trens. O nosso sistema de sinalização é que oferece toda a segurança. Toda vez que a gente tem vandalismo ou roubo de cabos, temos um prejuízo operacional, não só o prejuízo financeiro. Temos de reduzir a velocidade nesses trechos que estão sem sinalização, e isso aumenta o tempo de viagem e causa um transtorno para toda a população — explica o diretor de Operações da Trensurb.
De 2019 até o abril deste ano, o prejuízo provocado pelos ataques estava orçado em R$ 8 milhões, com 27 quilômetros de fios repostos. Depois da enchente, o valor subiu para cerca de R$ 13 milhões, sendo cerca de R$ 5 milhões apenas nos últimos meses.