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Sazonalidade

Com vírus circulando mais cedo, internações e mortes por gripe no RS superam em mais de 80% os registros de 2023

Vacinação para a doença está abaixo da meta, e orientação do governo do RS é buscar unidades de saúde para atualizar imunização

23/10/2024 - 16h32min


Kathlyn Moreira
Kathlyn Moreira
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Bruno Todeschini / Agencia RBS
Vacinação está abaixo da meta, e índice mais baixo é registrado entre gestantes e puérperas.

As hospitalizações e as mortes por influenza no Rio Grande do Sul até outubro deste ano superaram em mais de 80% os registros de todo o ano de 2023. Conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), registrados até o dia 18 de outubro, o Estado contabilizou 245 óbitos por gripe, aumento de 81% em relação às 135 vítimas contabilizadas em 2023.

O painel estadual também aponta 2.004 hospitalizações até agora. O número é 88% maior do que o verificado no ano passado. O percentual de pacientes internados que precisaram utilizar a UTI teve pequena variação, com 23,75% neste ano contra 25,45% em 2023.

A sazonalidade do vírus é apontada como o motivo para as elevações, segundo a técnica do Núcleo de Doenças Respiratórias do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs/RS), Renata Petzhold Mondini.

— Com essa sazonalidade antecipada, nós estamos com mais casos e mais óbitos de influenza. O subtipo que está predominando esse ano é o H3N2, contudo continua com a circulação do H1N1 e da influenza B também — observa.

Os subtipos H3N2 e H1N1 fazem parte dos diagnósticos de Influenza A, o tipo da doença identificado em 98% das hospitalizações neste ano (1.949). O subtipo H3N2 foi confirmado em 52% do total de internações por influenza (1.039). 

O predomínio do tipo A também aparece nas mortes. Em 2024, o tipo correspondeu a quase 98% dos óbitos (239) até o momento. Mais da metade das 245 vítimas (52%) tiveram diagnóstico positivo para H3N2, 22% tiveram para H1N1, e 23% foram confirmadas com influenza A, mas sem subtipo definido.

Segundo Renata, a alternância entre os subtipos é esperada. Ela comenta que, em 2022, a maioria dos casos também era de H3N2 e mudou no ano seguinte.

— Com relação à circulação maior do H1N1 e do H3N2, revezando ao longo dos anos, é uma dança dos vírus mesmo, é uma questão ecológica, nós não temos nenhum fator que explique isso — esclarece.

Renata explica que as mudanças não estão relacionadas a fatores externos, como clima ou temperatura. Ela ressalta, no entanto, que houve uma alteração em relação a época do ano em 2024, afetando as hospitalizações e óbitos.

— A influenza é causada pelos vírus A e B. É uma doença sazonal, ocorre anualmente e com mais frequência e algumas estações do ano, sendo mais comum nos meses mais frios. Em 2024, tivemos uma antecipação dessa sazonalidade, onde foram registrados casos já no mês de janeiro — avalia a especialista.

Cobertura vacinal está baixa no Estado

As cepas do vírus fazem parte da composição da vacina oferecida pelo SUS. Renata afirma que quem não fez a imunização ainda pode buscar uma unidade de saúde mesmo passada a época de baixas temperaturas, quando há mais casos.

— Em geral, a faixa mais acometida é a acima dos 60 anos, dos idosos, e pessoas com comorbidades — alerta.

Atualmente, o Rio Grande do Sul está abaixo da meta de 90% de imunização para gripe nos grupos prioritários. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a cobertura para estas pessoas está em 51,37%, com mais de 3 milhões de doses aplicadas.

Os povos indígenas correspondem ao maior percentual, com 57,67% da meta atingida. Na sequência, estão os idosos com 52,36%, e as crianças, com 51,09%. 

O percentual cai ainda mais entre gestantes, com cobertura vacinal de 32,12% e puérperas, com 23,87%. Os trabalhadores da saúde também estão abaixo do esperado, com 36,24%.

De acordo com a SES, a última vez que o Rio Grande do Sul bateu a meta de vacinação foi em 2020, ano da pandemia de covid-19, com 93,5% da cobertura dos grupos prioritários.

— As fake news e o movimento anti-vacina são considerados bem determinantes para essa queda — constata Renata.


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