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Coluna da Maga

Magali Moraes e o pó embaixo da cama

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

07/10/2024 - 07h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Existe coisa mais chata do que tirar pó de móveis? Me dê roupa pra lavar, chão pra varrer, gaveta pra arrumar, menos isso. O pó é espaçoso. Pensa que é o dono da casa, faz morada nos cantinhos, finge que vai embora e volta logo depois. Não tem espanador que dê conta. Nem o aspirador mais moderno resolve 100%. Porque o pó é onipresente. Onde tem uma superfície, lá está ele. Rindo das nossas flanelinhas. Dando gargalhadas da ingenuidade de quem acha que limpou tudo.

Embaixo da cama é o caos. Se for estilo box, com baú rente ao chão, é quase impossível limpar com regularidade. Já viu o peso daquilo pra levantar? Só em ocasiões especiais, quando há uma força-tarefa com voluntários musculosos e disponíveis. No dia a dia, o pó se aproveita da situação e chega de mala e cuia. Fica tanto tempo que cria rolinhos. E adivinha… eles rolam, rolam, se juntam a outras partículas de pó que encontram no caminho, crescem e ganham corpo.

Ratazana

Pensa no susto quando a gente finalmente enxerga o que tem embaixo da cama. Aquilo é ratazana ou pó mesmo? Que os voluntários aguentem firme, e que não faltem panos à mão. Uma pessoa com rinite alérgica se assusta ainda mais. Tenta descobrir o que veio primeiro: o pó ou a sua alergia. Deveriam inventar um botão que aperta e faz a box pesada levitar como se fosse um tapete mágico. Os pés da cama voando o suficiente pra conseguir exterminar toda poeira acumulada.

Se abrir portas e janelas, entra pó. Se deixar a casa fechada, o pó ganha terreno. Ele já estava quietinho por lá, só esperando o momento de se multiplicar. Mas tem um lado positivo. Esse faxinão embaixo da cama faz a gente encontrar relíquias: a moeda que perdeu o valor, a tarrachinha do brinco, o marcador de página que caiu do livro, a nota fiscal daquela loja que nem existe mais. Poeira também é nostalgia. Saudade é do tempo em que a gente não precisava limpar nada, só deitava na cama e dormia.

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