Eles envelheceram
Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali aos 70 anos: série do Globoplay traz novo olhar sobre os personagens de Mauricio de Sousa
Produção com oito episódios estreia na plataforma de streaming nesta quinta-feira
Como Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Milena se conheceram? Como se tornaram amigos? E como essas crianças envelheceram? Continuaram unidas? Essas e outras perguntas serão respondidas em Turma da Mônica: Origens, série original do Globoplay que lança, nesta quinta-feira (24), os seus oito episódios na plataforma de streaming.
A produção, que faz parte do universo live-action desenvolvido por Daniel Rezende (Turma da Mônica: Laços), a partir dos personagens criados por Mauricio de Sousa, terá em seu elenco mais maduro — na casa dos 70 anos — Louise Cardoso (Dona Mônica), Daniel Dantas (Senhor Cebolinha), Paulo Betti (Senhor Cascão), Malu Valle (Dona Magali) e Dhu Moraes (Dona Milena). Eles se reúnem para a ajudar a líder do grupo a recuperar a memória, após ser atingida por uma luneta na cabeça.
A partir deste reencontro, a turminha do Bairro do Limoeiro passa a lembrar de sua trajetória, desde o começo de sua amizade — que foi recheado de desentendimentos. E é assim que o público irá apreciar várias cenas inéditas na construção destes personagens, que também serão retratados na faixa dos sete anos, conforme conta a diretora-geral da produção, Isabel Valiante, em entrevista coletiva:
— A primeira vez que o Cebolinha viu a Mônica? Isso aconteceu na nossa frente. A primeira vez que a Mônica rodou o coelho? Nesse dia, eu chorei. As primeiras vezes são as mais emocionantes. Por mais que gente tenha vivido, assistido, lido, sabendo que essas coisas acontecem, que são da natureza destes personagens, a gente foi contando como isso aconteceu a primeira vez. Acho que é o mais bonitinho.
E, para esta história, que promete entregar para o público diversão e, também, emoção, com duas linhas temporais paralelas, foi necessária uma conversa de perto com a Mauricio de Sousa Produções e pelo criador da saga da turminha, que respaldou toda esta jornada. Por isso, segundo a roteirista e cocriadora da série, Marina Maria Iório, toda a construção do programa foi realizada em conjunto:
— O mais difícil é tirar o tom infantilizado, que vem junto sem que a gente perceba. Eles não são mais crianças, mas carregam comportamentos de sempre. A Dona Mônica não vai deixar de ser a Mônica, o Senhor Cebola não vai deixar de implicar com a Dona Mônica. O público tinha que reconhecer as dinâmicas, os personagens. Não é uma criação zerada. E, ao mesmo tempo, é um lugar que nunca se viu. A construção foi a partir de erro e reescrita, com muita ajuda da MSP, até conseguir trazer leveza.
Isabel complementa:
— Eles são crianças de 70 anos. É a mesma turma. Eles amadureceram do jeito deles. As implicâncias, as brincadeiras e o humor estão tudo no mesmo lugar.
Os jovens veteranos
A maior parte da trama de Turma da Mônica: Origens vai se passar com os personagens como crianças — até para reforçar o seu tom infantojuvenil. E, desta forma, foram escolhidos para darem vida aos pequenos os atores: Giovanna Urbano (Mônica), Felipe Rosa (Cebolinha), Manu Colombo (Magali), Bernardo Faria (Cascão) e Sabrina Souza (Milena). Mas, ainda assim, os veteranos serão a espinha dorsal da produção.
Para Louise Cardoso, que vive a líder do bando, mergulhar na trama foi uma aventura que remeteu à sua adolescência, quando lia as histórias em quadrinhos da galerinha do Bairro do Limoeiro. Agora, quando ela descobriu que iria interpretar a protagonista da aventura, decidiu retomar às revistinhas e, imediatamente, ficou completamente envolvida.
— Eu tomei um grande susto quando a minha empresária me falou: "Você vai ser a Mônica". Respondi: "Como assim? A Mônica é uma criança de sete anos...". Ela me explicou a história, e eu achei interessante, mas fiquei um pouco assustada. Li o roteiro e fiquei encantada. Achei que a ideia era ótima — conta Louise, que sempre se identificou com a personagem. — Eu batia nos meninos quando criança. Hoje em dia, mudei, não bato mais em ninguém (risos). Mas eu tinha essa particularidade. E sou fortinha também.
Daniel Dantas, o Senhor Cebolinha, nunca foi um leitor das histórias de Mauricio de Sousa, mas recorda ter já ter sido bem impactado pelos personagens:
— É incrível que, ao entrar na história de fazer o personagem, parece que vem um inconsciente coletivo de tudo o que você já ouviu ou leu sobre, como um gibi no consultório de um dentista. E o resto estava tudo no texto. Era muito fácil de entender. Então, não tinha muito essa preocupação de "vou ser infiel ao Cebolinha". Foi muito tranquilo e muito gostoso de fazer.
Intérprete de Cascão, Paulo Betti ficou impressionado com a escalação do elenco, uma vez que a vida toda foi chamado justamente pelo nome do personagem para o qual foi escalado para viver na série.
— Eu sempre fui Cascão. A minha mãe raspava os meus calcanhares com cacos de telha, porque ficava cascudo. Hoje, ainda, a minha esposa, a Dadá (Coelho), fala assim: "Pô, tu é o Cascão na vida real. Vai tomar banho". Ela diz isso porque, até hoje, eu não gosto muito de tomar banho — brinca Betti.
Já a mais nova integrante da turminha do Bairro do Limoeiro, Milena, que foi inserida nas histórias em quadrinhos de Mauricio de Sousa em 2019, será vivida por Dhu Moraes em Turma da Mônica: Origens. A veterana atriz não chegou acompanhar a estreia da personagem nas revistinhas, uma vez que é bem recente, mas festeja a existência dela.
— Fazer um trabalho direcionado para crianças e adolescentes é algo que acho divino. O retorno é muito verdadeiro e muito gostoso de receber. E, também, tem a representatividade, por fazer a Milena e poder mostrar para as meninas negras este outro lado: "Temos uma negra agora na Turma da Mônica". Então, é isso: prazer, alegria e felicidade — conta Dhu.
Malu Valle, que vive a Magali — inclusive, relembrando que sempre foi comilona como a personagem —, define a nova série da Turma da Mônica como uma grande representação de amizade, a qual já estava presente na relação dos protagonistas. E, com isso, foi possível manter a essência dos personagens criados por Mauricio de Sousa dentro e fora das telas.
— A gente se vê mais ou menos, dependendo dos trabalhos, mas a questão da amizade, da brincadeira, do lúdico, estava sempre presente. Paulo e Dhu cantavam sempre no início, antes de a gente começar a rodar. Então, brincávamos muito. Éramos amigos todos — conclui Malu.