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PIQUETCHÊ DO DG

O trabalho do CTG Rancho da Saudade para conquistar o quarto título do Juvenart

No domingo, 13, a invernada juvenil do CTG ficou em primeiro lugar na 20ª edição do concurso, disputada em Restinga Sêca. Foi o primeiro ano em que participaram grupos de danças campesinas

21/10/2024 - 13h43min

Atualizada em: 21/10/2024 - 17h24min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Deivis Bueno / Estampa da Tradição
Pau de fitas foi uma das danças tradicionais apresentadas pela invernada na final da competição, no domingo, 13.

Mais um campeonato, mais um título para o CTG Rancho da Saudade, de Cachoeirinha. Desta vez, a vitória foi da invernada juvenil, que repetiu o feito do ano passado e venceu a categoria sênior da 20ª edição do Juvenart, no dia 13 de outubro, em Restinga Sêca. 

Na apresentação do Rancho, o palco do anfiteatro do Hotel Recanto, na localidade de Recanto Maestro, virou um set de filmagem para homenagear o músico, ator e cineasta gaúcho José Marques (1939 – 1974). 

Seus filmes Pára Pedro (1969) e Não Aperta Aparício (1970) ficaram famosos ao projetar nas telas histórias já contadas em letras de músicas de mesmo nome. Sua produção se deu no mesmo período em que outro importante cantor e cineasta gaúcho montou sua própria produtora de cinema. 

Na década de 1970, a Teixeirinha Produções Artísticas se tornou a mais bem-sucedida da história do Estado, gravando e exibindo histórias que tratam da vida no Rio Grande do Sul a partir das letras de músicas do compositor. 

Vitória 

O instrutor da invernada campeã, Nycollas Ourique, conta que o objetivo foi lembrar e homenagear os gaúchos de antigamente. 

— Nossa intenção foi mostrar esse gaúcho antigo, que tem um jeito simples, autêntico, com base nesses filmes. Essa simplicidade aparece no colorido das pilchas, nas botas de bico mais redondo e com sola mais baixa — explica Nycollas. 

Esse foi o quarto título do Rancho da Saudade no Juvenart desde 2017, quando a entidade foi campeã pela primeira vez. O instrutor comemora o resultado e destaca a dedicação dos jovens e o trabalho de preparação da equipe. 

— Fizemos um trabalho muito grande. Foram ensaios de duas a três horas por dia, retiros aos fins de semana e uma atenção muito grande à saúde mental desses jovens, que ainda estão nessa fase de transição de suas vidas — conta. 

Adriano Oliveira, patrão do CTG, enfatiza a importância do Rancho para a cultura do Estado e afirma que o resultado reflete a seriedade do trabalho dos instrutores e coordenadores da invernada. 

— Mas, independente do resultado, nosso propósito maior é conseguir demonstrar a parte artística do Rancho da melhor forma possível. A gente leva muito a sério e se dedica muito para que isso aconteça — comenta Adriano. 

Assim como em muitos outros CTGs pelo Estado, a enchente de maio interrompeu ensaios. O local se tornou um ponto de coleta e distribuição de doações. 

— Foram 40 dias sem poder ensaiar. Esse tempo precisou ser recuperado depois. Mas foi gratificante poder ajudar as pessoas — conta Adriano. 

Neste ano, participaram 106 invernadas na categoria júnior,e36 na categoria sênior, na qual competem as mais experientes. Em segundo lugar ficou o Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Piá do Sul, de Santa Maria, e o terceiro com o CTG Aldeia dos Anjos, de Gravataí. 

Danças campesinas 

Neste ano, o evento inovou ao incluir três grupos de danças campesinas. CTG Paixão Côrtes e CTG Ginetes da Tradição, de Caxias do Sul, e CTG Os Vaqueanos, de Restinga Sêca. 

Conhecido como “estilo Paixão”, os campesinos valorizam a produção de Paixão Côrtes (1927-2018) feita após o primeiro Manual de Danças Gaúchas, publicado em parceria com Barbosa Lessa. O livro é a principal referência para eventos como o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). 

Arion Pilla, idealizador e coordenador do Juvenart, entende que as diferenças de estilos ficam por conta dos concursos e não se trata de uma diferença cultural. 

— Entendo muito mais como uma diferença provocada pelos concursos e pelas avaliações do que divergências culturais — afirma. 

Pilla explica que as danças campesinas valorizam muito mais gestualidades que remetem aos bailes de antigamente. Ele comemora essa integração e torce para que ela continue. 

— O Juvenart fica envaidecido pela participação desses grupos; tudo isso é parte da cultura gaúcha. As portas estão abertas para todos que cultivam as artes e tradições gaúchas — completa.

Produção: Guilherme Freling


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