Patrimônio histórico
Após reforma, antigo casarão de Gravataí será museu e centro cultural
Construção foi concluída no final do século 19 e passou por restauração nos últimos anos. Evento de reabertura deve ocorrer na próxima segunda-feira (18)
Fechado para restauro desde abril do passado, o Casarão dos Bina será reaberto à comunidade de Gravataí na próxima segunda-feira (18), às 18h. O prédio, que é uma das construções mais antigas do município, foi tombado como patrimônio histórico em 2005. Agora, o local funcionará como museu e espaço cultural em uma parceria entre a prefeitura e o Sesc.
O evento da reabertura contará com a participação do Grupo de Capoeira Nossas Raízes e Escola Raízes de Capoeira Angola, além do Rancho Folclórico da Casa dos Açores do Rio Grande do Sul.
Desde o século 19, a fazenda em que o prédio foi construído passou por várias titularidades até ser comprada pela família Bina, em 1937. Com o tempo, os Bina perderam a ligação com o espaço, que chegou a ser locação para a novela Champanhe (1984-1983), da Rede Globo, e os filmes Noite (1985) e Luta nos Pampas (1965).
Nos anos de 1990, a prefeitura adquiriu a propriedade e loteou parte dela, dando origem ao bairro Moradas do Sobrado. Já o casarão passou a sediar órgãos da administração municipal, como a Secretaria de Meio Ambiente.
Em 2021, a atual gestão começou os estudos para o restauro do local e a transformação em um centro cultural.
De acordo com o historiador e servidor do município Carlos Albani, o casarão pode ser visto como um resumo da história de Gravataí. Primeiro pelo estilo arquitetônico luso-açoriano dos colonos que ocuparam a região ainda no século 18 e que deram grande contribuição cultural para a cidade.
— A fazenda também fica localizada à beira da RS-030, antiga rota entre Porto Alegre e regiões como Serra e Litoral. Antes mesmo dessa construção, a região era um ponto de referência para tropeiros e carreteiros que transportavam insumos e alimentos — explica.
Além disso, Carlos destaca os indícios da utilização de mão de obra escravizada para a construção do prédio, como a presença de uma possível senzala.
— O Antônio Dias Fialho, que empreitou a construção do casarão, era dono e trabalhava no comércio de escravizados na região. Então, podemos afirmar que pelo menos a construção contou com participação de escravizados — afirma.
Agora, a intenção da administração do espaço é garantir que essa história seja conhecida e lembrada pela sociedade.
Esforço para preservar
A obra foi financiada com recursos das secretarias de Cultura e Meio Ambiente. Segundo o secretário de Governança, Comunicação e Cultura de Gravataí, Giuliano Pacheco, ela faz parte de um esforço de valorização do patrimônio histórico e cultural de Gravataí.
— Nossa administração está focada em preservar e manter essa história do município pode aproximar os moradores da sua própria história — diz.
A partir da reforma, o secretário afirma que três salas do sobrado serão cedidas ao Sesc para oficinas música, teatro e demais atividades culturais. O projeto deve atender crianças de baixa renda de escolas públicas municipais.
O contrato deve ser assinado até o fim do mês. A Secretaria de Meio Ambiente também promoverá atividades de educação ambiental em parceria com as escolas do município.
— Agente vai trazer essas crianças e adolescentes para contar essa história através dos nossos acervos. Com isso, estamos oportunizando um enriquecimento cultural para as pessoas do nosso município — defende Giuliano.
Visite a casa
- Por enquanto, as visitas acontecem mediante agendamento com o Departamento de Cultura da Secretaria de Governança, Comunicação e Cultura pelo telefone (51) 3600-7345.