Direto da Redação
Émerson Santos: "Por um 20 de Novembro que valorize a memória"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Nas páginas do DG, um pequeno selo tem acompanhado alguns dos conteúdos publicados na última semana: Novembro Negro. Se trata de uma referência ao dia de hoje, o 20 de Novembro. É uma data simbólica, que serve para valorizar as lutas e conquistas da população negra do país.
E por que ainda é necessário falar sobre isso? Porque, apesar de alguns avanços significativos, há muito a se percorrer para que realmente possa se falar em uma real igualdade por aqui. Pense que, no Brasil, o regime de escravidão durou longos e revoltantes 388 anos. Quando finalmente a escravidão acabou, essa grande população que sofria abusos e era forçada a trabalhar para o enriquecimento de outros, simplesmente foi deixada à própria sorte, sem nenhum tipo de apoio.
E a população negra teve papel fundamental na construção do Brasil enquanto nação, contribuindo para o seu avanço na cultura, na política, economia e em tantas outras áreas.
Ancestralidade
Entendo que o 20 de Novembro, então, não se trata apenas de uma data no calendário a ser celebrada. Tem um peso maior. Quando faço o exercício de olhar para o passado, vejo incontáveis pessoas que lutaram muito, algumas literalmente sacrificando suas próprias vidas, para que os negros tivessem acesso a direitos básicos. E eu, uma pessoa negra, compreendo que para estar aqui hoje, escrevendo essas palavras, foi necessário que tantos outros trilhassem esse caminho antes de mim, enfrentado a falta de oportunidades e o racismo que segue sendo uma realidade na sociedade brasileira.
O esforço de todas essas pessoas precisa ser reconhecido. Chamamos isso de ancestralidade. É necessário resgatar as memórias, vivências e contribuições que o povo negro deixou, e segue entregando, ao país. É por isso que, por um bom tempo, seguirá sendo preciso falar sobre Novembro Negro.