Coluna da Maga
Magali Moraes: detalhes falam
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Estava eu no café da manhã, mergulhando suavemente a faca no requeijão, quando pensei em algo que não define o futuro da humanidade, mas é de se pensar. Aqui vai: por que existem pessoas que alisam direitinho o requeijão que sobra no pote e outras que esburacam tudo? Tanto faz se é normal ou light, margarina e manteiga com ou sem sal, ricota ou qualquer queijo pastoso que será passado em cima do pão ou da bolacha água e sal. O que permanece dentro da embalagem é a questão.
Diz muito sobre o comportamento humano, sabe assim? O que mais esburacam esses viventes, além do coitado do requeijão? Suas meias? Com certeza estão mais preocupados em abocanhar o pão, ignorando o conteúdo que sobra no pote. E quem vai se servir logo depois? Pega aquele caos. O que custa nivelar o requeijão pra criar uma aparência uniforme, agradável aos olhos e apetitosa ao paladar? Quem gosta de solo revirado é minhoca. Cratera é ruim nas ruas, estradas e no requeijão.
Consistência
Deu pra perceber que eu sou do time que prefere o requeijão lisinho, igual a uma parede perfeitamente rebocada, não importa se já comeram metade do pote. A consistência ajuda, só precisa de um pingo de boa vontade. Acontece nas melhores famílias achar o mel todo retorcido e a chimia esgualepada. Já a manteiga é um caso à parte, me faltam palavras pra descrever o cenário de guerra que um tablete pode se tornar. A faca manejada como se fosse uma granada, explodindo tudo.
Detalhes tão pequenos, porém marcantes no dia a dia. É só observar o quanto eles falam sobre a pessoa. Como serão suas gavetas, também remexidas? E seus pensamentos, tumultuados e desconstruídos? Aposto que alguém aí vai dizer que é TOC ou que ando comendo muito requeijão. Talvez. O fato é que é tremendamente satisfatório emparelhar o nível do requeijão dentro do pote, prestando esse serviço valioso a outras pessoas que convivem comigo. É paz de espírito, recomendo.