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Coluna da Maga

Magali Moraes e o cheiro de comida

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

18/11/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Ele sai da cozinha e passeia pela casa, como se fosse o dono de tudo. É cheiro, mas pode chamar de perfume. Se respirar fundo, dá fome. A barriga ronca, abre o apetite. Dos cheiros inconfundíveis, ganham o do alho e da cebola fritando. E são um caso à parte: tão gostosos de sentir no ar e tão medonhos de cheirar nas próprias mãos. Feijão cozinhando é outro exemplo delicioso. E quando a carne crua encosta na panela bem quente e exala o aroma de bife feito na hora?

Ih, pode ter vegetariano ou vegano lendo a coluna. Esquece o bife. Já que salada não tem cheiro, imagine um bolo assando no forno e enlouquecendo o olfato. Bolo de milho, cenoura ou banana, pode escolher. Quem sabe uma torta fumegante de maçã. E complete a cena com o perfume divino de um cafezinho recém passado. Meu Deus, como é fácil ser feliz. O cheiro de café consegue ser melhor que o gole de café. E não vou me perdoar se não citar pão assando, a fragrância perfeita.

Especial

Dos mistérios que envolvem o cheiro de comida: quando é a gente que cozinha, ele não é percebido da mesma maneira. O cheiro bom está ali, é parte do todo, mas não como algo especial. Será que o nosso nariz não se encanta porque tá cozinhando junto? Peraí que essa frase ficou estranha, parece que nariz é pessoa. O olfato, isso sim. Desconfio que o fator surpresa é um ingrediente importante pra despertar os sentidos. Ser surpreendida pelo aroma de cebola fritando, sem precisar ver pra crer.

Nem todo cheiro de comida é agradável. Morar muito perto de um restaurante, tipo os que exageram nas frituras, causa o efeito contrário. O ar fica impregnado (pra não dizer engordurado), e aquele cheiro repetitivo embrulha o estômago. Noite e dia, a mesma inhaca de peixe frito em um óleo que está lutando na panela desde o dia da inauguração. Socorro. Cheiro de comida tem que ser de comida boa. Que antecipe o prazer da refeição, e não se torne um calvário olfativo.

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