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Coluna da Maga

Magali Moraes: leva os cascos

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

22/11/2024 - 05h00min

Atualizada em: 22/11/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Esses dias, ouvi um barulho que me fez voltar no tempo: um tilintar de garrafas de vidro. Poderia ser eu mesma, carregando dois vinhos que se bicaram dentro da sacola. Mas as minhas mãos estavam vazias. O tal barulho veio do nada, e não sei de onde. O fato é que esse ruído inesperado me colocou no modo nostalgia. Na mesma hora, lembrei dos cascos retornáveis do passado. Não havia a possibilidade de comprar refri ou cerveja no mercado ou armazém da esquina sem levar os cascos.

Jovens, tia Maga explica. Já houve uma época mais sustentável e desprovida de tecnologias. Nesse período distante e docemente ingênuo, as pessoas bebiam faceiras Guaraná Brahma, Sukita, Teem, Minuano Limão, Fanta, Coca e – pasmem – guardavam as garrafas vazias. Famílias organizadas tinham engradados na garagem ou área de serviço pra guardar os cascos. Depois, é claro, de passar uma água dentro de cada garrafa. O detergente passava longe, já as baratas viviam ali pertinho.

Dinheiro

Era trabalhoso, viu. Mesmo vazios, os cascos pesavam. Como valiam dinheiro e barateavam a compra, se aguentava. E ninguém pensava muito nisso, fazia parte dos costumes. Tomar refri era coisa de domingo, já os cervejeiros acumulavam mais cascos. Nos estacionamentos dos supermercados havia uma área especial pra receber essas garrafas meio limpas e trocar por vale (me corrijam se a memória falhou). Foi quase uma revolução quando as embalagens plásticas aposentaram os cascos.

Pesquisando pra escrever a coluna, levei um susto ao ver que está cheio de casco à venda na internet. Não é loucura de colecionador, é a moda de fazer cerveja artesanal em casa. Vão colocar onde a produção? Também descobri que a Coca-cola andou fazendo uma promoção de garrafas retornáveis pra reduzir a pegada de carbono no meio ambiente. Acho louvável, mas não sei se funcionou. Deveria se falar (e ensinar) muito mais sobre reciclagem em geral. E tomar menos refri.

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