Amigos, hoje recebi uma das notícias que mais me impactaram nos últimos anos. Para explicar esse impacto, tenho que dividir com vocês a razão da chegada. Como já falei com vocês aqui, tenho dois filhos autistas: Ezequiel e Izael me ensinaram a mergulhar no universo da neurodivergência, que era totalmente desconhecido por mim. Conforme fui ouvindo pessoas que entendiam sobre como era ter filhos autistas, fui vendo que milhares de famílias vivem dores silenciosas e silenciadas. Como qualquer pai, decidi entender como poderia tornar a vida dos meus filhos melhor hoje e no futuro. Fui buscar as causas da condição deles e quais tratamentos poderíamos tentar. Nessas buscas, vi que existia uma grande chance da condição de meus filhos ser hereditária e, na maioria das vezes, herdada do pai, ou seja, se meus filhos são autistas, existia uma grande chance de existir algum traço da condição deles em mim. 

Como eu achava que seria alvo de crítica de pessoas dizendo que quero me aproveitar de meus filhos para ganhar notoriedade, nunca fiz a investigação médica, mas existia também um medo de saber a verdade. Depois de, com minha esposa, conversar com a neurologista das crianças, soube que, a partir da minha investigação, seria possível mapear informações mais precisas sobre a condição dos meus filhos. A partir dessa informação, entendi que fazer a investigação médica era uma questão de responsabilidade paterna. Com muito medo, fiquei todo o mês de outubro e parte do mês de novembro fazendo todos os processos de exames para saber se em mim tinham traços das condições dos meus pequenos. Nesta sexta, ao meio-dia chegou o laudo feito pela Doutora Maria de Lourdes do Carmo. E o laudo dizia o seguinte: 

"Manoel apresenta comportamentos compatíveis com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, com predominância combinada (desatenção e hiperatividade) com grau moderado de gravidade, também apresentou Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD)…. Com base nas análises clínicas de Manoel realizadas pela psicóloga e em conjunto com os resultados obtidos na Escala de Responsividade Social (SRS-2) define-se o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), nível 1 de suporte."

Ou seja meus amigos, fui diagnosticado com Autismo e TDAH. Com esses diagnósticos entendo as expulsões escolares, os comportamentos compulsivos, as crises de choro do nada, os medos noturnos e outras situações que sempre estiveram presentes em minha vida. Quero lembrar que TDAH não é moda, um grande número de suicídios e outras tragédias sociais estão ligadas a essas condições. Autismo não é moda também, pessoas autistas precisam ter cuidados específicos para que sua vida seja funcional e feliz. Ainda estou com um pouco de medo de tudo que isso significa, mas ao mesmo tempo, sinto um alívio, pois posso pensar agora uma jornada de cuidado comigo e com meus pequenos. Recomendo a você, que tem essa suspeita, que perca o medo e busque ajuda.