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Direto da Redação

Michele Vaz Pradella: "Reencontro com a Praça da Alfândega"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

13/11/2024 - 16h25min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Agência RBS / Agência RBS
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As imagens da enchente de maio ainda estão vivas na mente dos gaúchos. Pessoas e animais sendo resgatados enquanto a água não parava de subir, casas destruídas, cidades devastadas. Para mim, sobretudo, foi chocante ver meus colegas repórteres passando de barco pelo Centro Histórico de Porto Alegre. Ali, tive medo de nunca mais conseguir passear por lugares do meu coração, como a Casa de Cultura Mario Quintana e a Praça da Alfândega.

Passados seis meses da tragédia, tive meu reencontro com a Praça, mais precisamente, com a Feira do Livro, evento tão querido pelos porto-alegrenses. Para além da emoção da Feira, que por si só, me traz as melhores lembranças, revisitar o Centro foi, especialmente neste ano, algo mágico. Cheguei a pensar que não veria as bancas povoando o local em 2024. É quase um milagre ver que a cidade e, principalmente, o Centro Histórico, sobreviveram à fúria das águas. Não sem algumas cicatrizes, é claro, a julgar pelos enormes buracos pela Praça da Alfândega e arredores.

Depois de dois anos conferindo de perto os problemas de acessibilidade na Feira do Livro, que geraram matérias e provocaram questionamentos sobre isso, desta vez estive na Praça como “pessoa física”. Sei que os problemas persistem, como a altura das bancas e a falta de manutenção do calçamento. Porém, tudo isso me pareceu pequeno diante da vitória de ter o Centro pulsando, vivo, depois de um ano de tantas perdas.

Sobreviventes

Ao folhear algumas obras, deparei com o carimbo “Livro Sobrevivente da Grande Enchente Porto Alegre 2024”. O coração apertou, foi impossível não lembrar dos que não resistiram à catástrofe climática. E aqui, falo de livros, casas, pessoas e histórias, tudo que foi, literalmente, por água abaixo. Apesar da dorzinha no peito, reencontrar a minha Porto Alegre de pé depois de tudo isso foi uma emoção indescritível. Mas, acima de tudo, a prova de que a resistência permeia nossa existência.


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