Em uma redação de jornal, as ideias surgem a partir das mais aleatórias discussões. Ontem, conversando com a colega Josyane Santos, comentávamos sobre desenhos que a gente assistia na infância. Ela disse:

— Gostava de Caverna do Dragão.

Para quem não conhece, a animação — febre no Brasil na década de 1980 — acompanhava um grupo de adolescentes transportados para um reino medieval fantástico. Os episódios mostravam os desafios dos jovens para descobrir o que os levou ao novo mundo e como voltar para casa. No entanto, o desfecho nunca foi exibido. 

Também ontem, minutos após minha conversa com a Josy, foi publicada a notícia: “Caverna do Dragão ganha episódio de encerramento quatro décadas depois” — duvido que a internet não nos ouviu. Surgiu daí a ideia para o meu Direto da Redação: tudo na vida precisa de um encerramento?

Não existe ser humano que nunca viveu um Caverna do Dragão. Pode ser aquele namoro que acabou do nada, sem uma explicação. Ou aquele amigo que sumiu sem dar tchau. Tem também o projeto que você começou cheio de empolgação e largou pela metade. Fica aquele vazio, né? Um sentimento de que falta alguma coisa. Parece que a gente precisa de um ponto final para conseguir seguir em frente.

Por outro lado, nem sempre o final é o que importa. Às vezes, o que fica são os momentos vividos, as memórias que a gente carrega e os aprendizados pelo caminho. O próprio Caverna do Dragão... Se tivessem colocado um ponto final, será que a gente estaria aqui, ainda falando sobre ele?

Tá tudo bem!

A verdade é que a vida nem sempre segue o roteiro que a gente planeja. Nem todo amor tem um desfecho, nem toda briga tem um pedido de desculpas, nem todo sonho é realizado. Você que está lendo, tem alguma história que ficou sem final? Talvez seja hora de deixar pra lá e seguir em frente.