Notícias



Oceano Índico

Ciclone Chido deixa ao menos 14 mortos em Mayotte; prefeito fala em "milhares de vítimas"

Arquipélago francês, que fica entre Moçambique e Madagascar, registrou o fenômeno mais intenso da região em mais de 90 anos

16/12/2024 - 12h26min


AFP
AFP
Zero Hora
Enviar E-mail

O ciclone Chido pode ter deixado "várias centenas" de mortos no território francês de Mayotte, localizado no Oceano Índico, declarou o prefeito François-Xavier Bieuville no último domingo (15), acrescentando que será "muito difícil" obter um balanço final.

Segundo a última contagem oficial, foram registradas 14 mortes até o momento.

— Eu penso que haverá seguramente várias centenas, talvez cheguemos a mil, ou a alguns milhares (de mortos) — disse o prefeito. 

Autoridades locais preveem que será difícil determinar o número exato de vítimas. Mayotte é uma ilha majoritariamente muçulmana, com a tradição de enterrar os mortos em menos de 24 horas.

Além dos óbitos contabilizados, há nove feridos em estado crítico e outros 246 com ferimentos graves, disse Abdelwahed Soumaila, prefeito da comuna de Mamoudzou, a capital de Mayotte, ainda na tarde de domingo (15).

Com rajadas de vento de mais de 220 km/h, o ciclone tropical foi o mais intenso a atingir a costa leste da África nos últimos 90 anos, segundo o instituto meteorológico francês. Foram registradas quedas de postes, árvores e telhados. 

Muitos habitantes não buscaram ajuda

Conforme o g1, Mayotte é consideravelmente mais pobre que o resto do território francês, e tem registros de violência e atuação de gangues há décadas. Com cerca de 320 mil habitantes, o arquipélago enfrenta tensões por escassez de água desde o início do ano.

Pelo menos um terço da população mora em casas precárias. Autoridades temem por problemas no abastecimento de água. Mais de 15 mil residências ficaram sem eletricidade ou sinal telefônico.

No último final de semana, muitos imigrantes que vivem sem documentos não buscaram abrigos da prefeitura. O enfermeiro aposentado e representante sindical Ousseni Balahachi informou à AFP que a população teme ser detida ou deportada.

— Essas pessoas ficaram até o último minuto. Quando perceberam a intensidade do ciclone, entraram em pânico e buscaram refúgio, mas já era tarde demais, com telhas voando por toda parte — informou Balahachi.

Autoridades teriam identificado pelo menos cem mil pessoas que se encontravam em habitações frágeis para serem acolhidas nos 70 centros de emergência disponíveis. Porém, devido aos danos nas comunicações e nos transportes, é difícil estimar o número exato de moradores resgatados.

Os serviços de emergência foram mobilizados por mar e ar, mas as intervenções foram prejudicadas pelos danos nos aeroportos e problemas de eletricidade.

Além dos 110 oficiais de emergência atuando no local, outros 160 militares da segurança civil e bombeiros devem se deslocar da França para atender a população de Mayotte. A previsão é de que 800 pessoas sejam enviadas ao arquipélago até a próxima quarta-feira (18).

Ciclone Chido chega em Moçambique

A região continental da África também foi atingida pelo ciclone Chido. Segundo o g1, o fenômeno teria chegado na costa de Moçambique no domingo (15), a cerca de 40 quilômetros da cidade de Pemba, no norte do país.

— Estamos monitorando a situação, mas não há comunicação com a cidade desde às 7h da manhã — afirmou Adérito Aramuge, diretor do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique.

A Organização das Nações Unidas (ONU) se disponibilizou para prestar assistência às pessoas afetadas. A Unicef estaria trabalhando com os governos locais para garantir a continuidade de serviços de saúde e educação.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias