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Extremo-sul

Cinco praias de Porto Alegre estão balneáveis, mas sofrem com destruição da enchente e falta de infraestrutura 

Pontos para banho no Lami e no Belém Novo são opções para quem não pode ir ao Litoral Norte

27/12/2024 - 09h59min


Karine Dalla Valle
Karine Dalla Valle
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Não precisa ir tão longe para refrescar o corpo durante o verão. Quem consegue se desprender da ideia da praia com as águas azuis-esverdeadas do oceano pode desfrutar de momentos de descanso em pontos do extremo-sul de Porto Alegre que são banhados pelo Guaíba.

A alguns minutos de carro da região central, os bairros Lami e Belém Novo oferecem seis pontos chamados de praias pela população. Apenas cinco estão próprios para mergulhos, segundo os mais recentes relatórios de balneabilidade divulgados pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). O único contraindicado para banhistas é o da Praça José Comunal, na Avenida Beira-Rio, no Belém Novo.

Contudo, algumas ainda não se recuperaram completamente da enchente de maio, quando ficaram submersas e tiveram suas estruturas danificadas, como a do Lami. 

Lami

A cerca de 34 km da região central de Porto Alegre

Com a enseada que se assemelha à geografia das praias de água salgada, a Praia do Lami é a mais famosa do extremo-sul de Porto Alegre. No entanto, o local estava em situação de abandono quando a reportagem de Zero Hora visitou o local na quarta-feira (24), véspera de Natal.

A força das águas do Guaíba destruiu a antiga guarita dos guarda-vidas. Embora a estrutura de alvenaria já não fosse mais utilizada, a sua base ainda resta em pé, alguns metros à frente da nova casinha feita de madeira. A cheia também deixou em ruínas o banheiro público e as construções que abrigavam bares próximos à areia.

Destroços de cimento e madeira, inclusive cacos de vidros, estavam espalhados por todos os lados, até mesmo dentro d'água. Com medo de que alguém cortasse o pé ao caminhar pela areia, o guarda-vidas Pedro Henrique Mocelin disse que precisava manter-se alerta ao movimento dos banhistas até quando eles não estão se banhando.

— Tem muito entulho e o tempo inteiro temos que falar para o pessoal que faz a limpeza retirar esses destroços — destaca Mocelin, que atua na Praia do Lami há sete anos.

Divulgado no dia 21 de dezembro, o último relatório do Dmae aponta que a água da Praia do Lami está própria para banho. Mas não existe uma placa que dê essa informação às pessoas.

— É um serviço a mais que nós temos que dar — acrescenta Mocelin.

Fã da Praia do Lami, a copeira Marizeti Brocca, 58 anos, observava o cenário com decepção. Ressentia-se pela ausência da lancheria Chapa Quente, onde comprava lanche para os netos, e que agora limita-se a um letreiro desgastado nas vigas de cimento que sobraram após a enchente.

— É muito triste ver as coisas assim. A Praia do Lami era um lugar legal, com bares e música. Sempre trazia meus netos aqui. Agora, é só tristeza.

Acionado pela reportagem na quarta-feira, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que equipes faziam limpeza rotineiramente no local, e que alguns resíduos ainda se acumulam no Guaíba, podendo retornar à areia conforme o movimento das águas. A pasta também informou que iria fazer a limpeza na faixa de areia na quinta-feira (26), o que de fato aconteceu.

Divulgação / DMLU
Após a reportagem acionar a DMLU, funcionários fizeram a limpeza dos destroços espalhados na faixa de areia da Praia do Lami.

Criado para responder aos danos provocados pela cheia na Capital, o Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática de Porto Alegre informou que o calçadão da Orla do Lami passará por reformas.

O trecho de 1.350 metros na Avenida Beira-Rio inicia-se nos limites da Reserva Biológica José Lutzenberger e se estende até a Rua Sônia Duro. Questionada se o banheiro da praia seria reformado, a pasta informou apenas que sim.

Em outro ponto próprio para banho no Lami, situado na Avenida Beira-Rio, em frente ao Kioske da Lagoa, o cenário é mais agradável.

Proprietária do estabelecimento e moradora do local, Michele Brizola, 33 anos, conta que sempre leva os filhos para se divertirem na água. Ali há uma praça, chamada Praça do Espigão, com lixeiras e parquinho para crianças.

— A limpeza é boa. A Cootravipa passa todos os dias — garantiu a moradora.

Confira os pontos próprios para banho no Lami, segundo relatório de balneabilidade do Dmae:

  • Acesso pela Rua Luiz Vieira Bernardes, nas imediações da segunda guarita de guarda-vidas: PRÓPRIO
  • Acesso pela Rua Luiz Vieira Bernardes, em frente à primeira guarita de guarda-vidas: PRÓPRIO
  • Av. Beira Rio, em frente ao nº 510: PRÓPRIO

Belém Novo

A cerca de 26 km da região central de Porto Alegre 

As praias do Belém Novo não são tão convidativas quanto a do Lami. Contudo, moradores da região gostam de dar seus mergulhos para relaxar no calorão. Além do mais, estão menos prejudicadas pela enchente. Tanto a Praia do Veludo quanto a do Leblon estão próprias para banho, embora nenhuma tenha infraestrutura que proporcione amplo lazer.

A Praia do Veludo, na Avenida Pinheiro Machado, conta com quatro banheiros químicos, dois para o público masculino e outros dois para o feminino. Todos estavam limpos e equipados com papeis higiênicos quando a reportagem esteve no local, na véspera de Natal. Mas não havia lixeiras e o gramado não estava cortado. Ninguém se banhava em suas águas.

Caseiro de uma residência logo à frente, Paulo Macalli, 53 anos, garante que a praia é uma boa opção em dias de altas temperaturas.

— Tomo banho direto aqui quando está quente. Hoje está vazia, porque é véspera de Natal, mas geralmente fica lotada. A água é bem morninha.

A Praia do Leblon é um importante ponto de encontro dos moradores do Belém Novo, que têm ali momentos de tranquilidade para tomar um mate. As ruínas do antigo restaurante Poletto conferem um clima bucólico, apesar da realidade de abandono da construção. Mesmo com a fraca infraestrutura, sem lixeira, nem banheiro, o gramado estava limpo.

A placa da prefeitura indicava que a água estava imprópria para banho, o que difere do resultado divulgado no relatório de balneabilidade. Acionado pela reportagem de Zero Hora, o Dmae informou que o ponto é adequado para banhistas e que a placa seria trocada nos próximos dias.

Cria do Belém Novo, Luís Eduardo Bampi, 50 anos, observava o Guaíba sentando no tronco de uma árvore. Morando em Tramandaí, no Litoral Norte, ele é um fã da Praia do Leblon e da natureza da zona sul de Porto Alegre. Teme que investimentos imobiliários possam interferir nesses espaços.

— Para mim, quanto mais rústico e natural, melhor — admite.

Único ponto não recomendado para banho, a praia na Praça José Comunal, no Belém Novo, também é a única com infraestrutura que garante melhor desfrute da população. Há guarita de guarda-vidas, bancos, lixeiras, banheiro e churrasqueiras improvisadas.

Confira os pontos próprios para banho no Belém Novo, segundo relatório de balneabilidade do Dmae:

  • Praia do Veludo, Avenida Pinheiro Machado, em frente à praça: PRÓPRIO
  • Praia do Leblon, Avenida Beira Rio, em frente à rua Antônio da Silva Só: PRÓPRIO
  • Praça José Comunal, em frente à garagem da empresa de ônibus: IMPRÓPRIO

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