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Coluna da Maga

Magali Moraes e o céu da boca

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

13/12/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Muito se fala sobre os encantos de um céu estrelado, e pouco (ou quase nada) sobre o inferno de um céu da boca queimado. Enquanto um inspira, o outro arde e dói. Ah se a gente pudesse enxergar antes o ponto machucado, assim como quem avista as Três Marias brilhando na escuridão. Só descobrimos que o céu da boca queimou ao comer algo que encosta justamente ali. Conforme o tamanho do estrago, dá pra ver estrelas de tanta dor. O que está longe de ser um momento poético.

O céu da boca queimado é um estraga prazeres. Experimente tomar o seu adorado cafezinho quente. Uiii. Cada gole, um arrependimento. A força do hábito é mais forte. O ser humano insiste no erro, e a queimadura logo vira uma constelação. Engraçado como a gente consegue evoluir e deixar de tomar café com açúcar, mas segue caindo na pegadinha do céu da boca queimado. Na próxima refeição, uma inocente gema molinha de ovo pode parecer a lava de um vulcão em erupção.

Engolir

Céu da boca é uma expressão tão bonita. Bem melhor chamar assim do que palato (que é o nome técnico). Pra piorar, tem palato duro e mole. Difícil de engolir, hein. Mas voltando ao processo dolorido de um céu da boca chamuscado: a ferida precisa cicatrizar, e isso pode levar até uma semana. Vai curar, como tudo na vida. O tecido recupera, a sensibilidade volta, e a gente esquece que estava doendo. Isso até a próxima mordida em uma pizza deliciosamente fumegante. E um novo queimado.

Quando o céu da boca está em condições normais, ele faz um belo trabalho junto com a língua e os dentes dando início à digestão dos alimentos. Então vamos cuidar bem desse pedacinho esquecido do corpo, prestando atenção em especial à temperatura do que se come e bebe. Aproveita e já chama num cantinho a Dona Gula e a Ansiedade, elas que nos fazem comer rápido, comer muito, comer sem pensar. Assim a gente preserva a saúde, e o céu da boca pode rir faceiro com a gente.

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