Bom velhinho
Papai Noel com síndrome de Down é símbolo da união em cidade do RS atingida por enchente: "Enche meu coração de alegria"
Moradores fizeram celebração comunitária de Natal em bairro de Caxias do Sul. Praça central recebeu decoração especial. Morador transformou carro em trenó
Um Papai Noel com síndrome de Down é símbolo da união em um bairro de Caxias do Sul, na serra gaúcha, atingido pela enchente de maio. A região de Galópolis enfrentou dezenas de deslizamentos de terra, pessoas morreram e famílias ainda estão fora de casa.
No bairro, os moradores criaram a Magia de Natal no Vale Iluminado, com dezenas de atrações. Aos 36 anos e com síndrome de Down, o metalúrgico Jonas Echer é o responsável por encarnar o Papai Noel da programação e ouvir os pedidos das crianças.
— O sonho dele sempre foi ser Papai Noel. Aí eu fui atrás de arrumar roupa. Para mim, representa muito, com certeza para o Jonas também — conta a mãe do metalúrgico, a aposentada Marisa Echer.
Roberto Funk, morador que perdeu a irmã e três sobrinhos na tragédia climática que devastou o Estado, ressalta a união da comunidade:
— Não foi só a nossa família que foi atingida, outras pessoas também, Então, Galópolis se uniu. É solidariedade que fala, né? É a tal caridade, que é sempre bem-vinda.
A rotina do Bom Velhinho
Durante a noite, Jonas fica na casa do Papai Noel recebendo as crianças. Sempre com um sorriso no rosto e carinho, o Bom Velhinho faz questão de atender a cada uma delas.
O pedido da Eliza, nove anos, é destinado a todos que passam por necessidades.
— Sabe as pessoas que não têm roupa, não têm dinheiro para comprar muitas coisas, não têm nem casa? — ilustra a menina.
A Eliara, 10 anos, deseja que as dificuldades enfrentadas no Estado com as inundações não se repitam.
— Eu quero que abençoe a minha escola para não dar mais enchente —pede.
Abraços e o carinho das crianças emocionam Jonas.
— Eu amo ser Papai Noel. Enche o meu coração de alegria — afirma.
A região
Galópolis fica em um vale. O bairro está a 12 quilômetros de distância do centro de Caxias do Sul. A praça central recebeu decoração especial para as festividades de fim de ano.
A arquitetura do local conta com prédios históricos preservados. O bairro surgiu com a vinda de italianos da região de Schio para o RS e se desenvolveu em torno de uma fábrica de tecelagem, em 1892. O nome é uma homenagem ao italiano Ércole Galló, à época, proprietário do empreendimento.
Os prédios do bairro também ficaram iluminados. Um dos moradores enfeitou e transformou o carro em um trenó para conduzir um passeio pelo vale iluminado.
O bairro tem roteiro turístico autoguiado através de placas instaladas nos prédios históricos e conta com cafés e restaurantes com culinária típica italiana durante todo o ano.