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Polícia investiga novo caso de suspeita de estupro de vulnerável cometido por padre

Sacerdote é o mesmo que foi preso em flagrante na última sexta-feira por supostamente armazenar pornografia infantil

04/12/2024 - 14h27min


Adriana Irion
Adriana Irion
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Divulgação / Polícia Civil
Buscas foram realizadas na casa paroquial.

A Polícia Civil recebeu, na última segunda-feira (2), um novo registro de suspeita de estupro de vulnerável contra o padre preso em flagrante em Guaíba, na semana passada, por supostamente estar armazenando pornografia infantil. 

Na sexta-feira (29), pendrives com imagens de crianças foram apreendidos dentro do roupeiro do padre, na casa paroquial onde ele mora. O mandado de busca e apreensão foi cumprido no local também por causa de uma investigação em que o religioso é suspeito de estupro de vulnerável, que teria ocorrido em Guaíba.

A polícia não revela o nome do investigado, mas Zero Hora apurou que é o padre Diego da Silva Corrêa, 43 anos. Depois do flagrante, ele passou por audiência de custódia e ganhou liberdade.

O trabalho de buscas na casa paroquial foi acompanhado por peritos da Seção de Informática Forense do Instituto-Geral de Perícias, que verificaram os dispositos no local, encontrando as fotografias. Questionado por policiais, Diego, que atuava na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, admitiu que tinha em casa computador e notebook, mas negou ter pendrives, indicando a existência de apenas um dentro de um carro na garagem.

Ao todo, os agentes encontraram 10 pendrives e dois telefones celulares na casa paroquial. Seis dispositivos de armazenamento estavam no quarto do padre, sendo que dois estavam guardados em uma caixa organizadora dentro do roupeiro dele, junto a documentos pessoais.

Foi registrado pelos policiais que justamente nesses dois havia imagens de "natureza lasciva, mostrando crianças em ensaios sensuais usando roupas íntimas", tendo ao menos duas fotografias com a exposição dos órgãos sexuais de crianças. O padre disse aos policiais desconhecer o conteúdo dos dispositivos, que teriam sido guardados por equívoco junto as suas coisas. Falou ainda que o local é usado como hospedagem para outros padres, seminaristas e estagiários, sendo que ele mora na casa paroquial há dois anos.

A partir do encontro do material, ele foi preso em flagrante por suspeita do crime previsto no art 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente: "Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente".

As buscas foram realizadas a partir de ordem judicial que faz parte da investigação feita em Guaíba de um caso de estupro de vulnerável. Zero Hora apurou que a suspeita chegou à polícia por meio do Conselho Tutelar de Guaíba. O padre teria amizade com a família da vítima.

No dia do flagrante, na delegacia, acompanhado por advogado, o padre optou por ficar em silêncio, sem dar depoimento. Na audiência de custódia, ele ganhou liberdade. No mesmo dia da prisão, a arquidiocese de Porto Alegre emitiu nota informando o afastamento do padre (leia abaixo).

A Comissão Arquidiocesana de Promoção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis abriu uma investigação prévia sobre a conduta do padre preso em flagrante em Guaíba por suspeita de armazenar pornografia infantil.

Coordenador da comissão, o padre Fabiano Schwanck Colares disse a Zero Hora que membros do grupo devem visitar a comunidade em que o padre atuava para fazer um dia de escuta e proximidade, como primeira ação de outras que serão propostas:

— Um fato desses causa muita dor na comunidade.

Fabiano também ressaltou que o padre investigado foi suspenso e não pode exercer o sacerdócio. 

— A suspensão dura o tempo do processo canônico. Concluído o processo, a suspensão é levantada e se dará uma sentença de condenação ou absolvição. Se vier condenação, então a pena pode ser a demissão do estado clerical, que é a pena mais dura no âmbito canônico. Mas também pode ser uma pena mais branda, com restrições de trabalho, dependendo da conclusão do processo canônico — explicou o coordenador da comissão que foi lançada pela arquidiocese de Porto Alegre em 2019.

Contrapontos

Zero Hora tenta contato com a defesa do padre Diego da Silva Corrêa. O espaço está aberto para manifestação.

Nota da arquidiocese de Porto Alegre:
"A Arquidiocese, ao tomar conhecimento da prisão do padre e sobre as suspeitas impetradas a ele, decretou a imediata suspensão do Uso de Ordens. Manifestamos nosso compromisso com a verdade, a justiça e a proteção da dignidade de todas as pessoas, especialmente das crianças e adolescentes. A Igreja condena veementemente qualquer forma de crime e coopera integralmente com as autoridades na apuração dos fatos. A Igreja não pode aceitar quaisquer tipos de comportamentos contrários aos princípios da moral e ética cristã. Neste momento, pedimos orações por todos os envolvidos e reafirmamos nosso compromisso com a transparência, a ética e o respeito à dignidade humana."


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