Zona Norte
Atingida pela enchente, maior escola municipal de Porto Alegre tem reforma concluída e está pronta para receber alunos
Escola de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi, foi revitalizada com recursos da iniciativa privada. Instituição atende cerca de 1,6 mil alunos
Redes elétrica e hidráulica recuperadas. Paredes, portas, pisos e teto reformados. Prédio pronto e à espera da comunidade escolar e alunos no dia 17 de fevereiro, quando começam as aulas. Assim estava a Escola de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi, zona norte de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (31), quando uma cerimônia marcou a entrega da revitalização do espaço, concluída em 70 dias, com investimento de R$ 9 milhões.
A situação contrasta com o cenário causado pela enchente de maio de 2024, que prejudicou principalmente a parte térrea e deixou 1,6 mil alunos impossibilitados de frequentar a instituição de ensino, da pré-escola ao Ensino Médio, além da formação em magistério.
— É uma escola nova, muito melhor do que poderíamos imaginar que ficaria — disse Rochelle Soares Pedreira, a diretora.
A instituição começou a ser alagada no dia 3 de maio e a água atingiu 1m50cm, o que impediu a entrada da equipe escolar por 18 dias. Após a inundação, as aulas foram ministradas no Clube Comercial Sarandi e na Casa Paroquial da Igreja São José.
Melhorias estruturais
Com 5 mil metros quadrados, o prédio da escola manteve a arquitetura da década de 1950, mas teve de ser quase todo reformado.
Além das melhorias na estrutura, o pátio, com 11 mil metros quadrados, recebeu investimentos nos muros, portões, jardim e quadras de esportes.
O piso das quadras foi revestido com uma manta de amortecimento, que reduz o impacto na queda. Já a área externa do jardim infantil recebeu grama artificial. Também foram instalados elevadores de acessibilidade e portas corta-fogo, que antes não existiam.
Aluna do magistério na escola, Mel Neumann Silveira, 18 anos, destacou a nova biblioteca da instituição.
— Era meu lugar favorito e foi destruído pela enchente. Achei que não voltaria a ser como era, mas ficou melhor, pois recebemos doação de muitos livros novos. É o meu último ano aqui, e vai ser bom aproveitar a escola do jeito que está. É gratificante ver o resultado do trabalho de tanta gente que se mobilizou para a reforma — disse.
Emerson Mota Campos, professor e presidente do Conselho Escolar, disse que a volta dos alunos ao prédio representa um ganho para a educação na Zona Norte.
— A manutenção da escola é onerosa e complexa, então tínhamos problemas que se repetiam. Fazíamos pequenos reparos, mas, com a reforma, houve a recuperação completa. Agora vamos gastar menos com recursos paliativos porque temos uma estrutura melhor. Ela é muito importante porque atende da Pré-escola até o Ensino Médio, além de formar professores — pontua.
Parceiros das obras
A reforma custou R$ 9 milhões e teve origem nas empresas Ambev, Gerdau, Dolphin e Brasil ao Cubo. O Movimento União BR reuniu doações do Banco Santander, Construtora Tenda, Instituto Far Hinode, Siemens, Siemens Healthineers, Siemens Energy, Siemens Caring Hands e.V., Instituto Vakinha, Instituto Votorantim, Suvinil e B3. Também houve a doação de móveis pelo Sicredi e Instituto Floresta.
— A sociedade civil com as empresas têm feito uma grande diferença na catástrofe do Rio Grande do Sul. Esta escola é uma das maiores do município e foi bastante atingida, não conseguiria receber os alunos novamente de forma imediata. Por isso fizemos uma união de forças — disse Marcella Balthar, fundadora do Movimento União BR.
A obra ficou pronta em 70 dias e foi fiscalizada pelos técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura. A estrutura estará à espera dos alunos no dia 17 de fevereiro, quando as aulas retornarão na rede municipal.
— As famílias vão ter a segurança de trazer seus filhos para uma escola reformada, com biblioteca e quadras novas, telhado recuperado. Sem os empresários, o poder público não daria conta de recuperar tudo sozinho — pontuou Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre.