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Veranista novata

"É salgado!": aos 41 anos, agricultora vê o mar pela primeira vez em Tramandaí

Quarta-feira amanheceu sob tempo parcialmente nublado e vento no Litoral Norte, afastando maior parte dos veranistas da água — mas nem todos

09/01/2025 - 10h54min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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Duda Fortes / Agencia RBS
Lenara, à esquerda, e a amiga Ângela admiram o Atlântico.

Esta quarta-feira (8) começou com tempo parcialmente nublado e um vento insistente à beira-mar de Tramandaí, no Litoral Norte. Os banhistas decidiram adiar o trajeto até a praia, e por volta das 8h ainda havia poucas cadeiras sobre a areia.

A agricultora Lenara Molinel, 41 anos, porém, olhava extasiada para o vai e vem das ondas e indiferente às rajadas ou aos períodos de nebulosidade. Pela primeira vez, depois de viajar quatro horas de ônibus em uma excursão proveniente do município de Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, deparava com o Atlântico.

Molhou as canelas e achou que havia algo de errado com a água. Passou o dedo próximo ao tornozelo e o levou à boca:

Ué, mas é salgada? — surpreendeu-se.

Ao lado, a amiga Ângela Ritzel, 61 anos, que já conhecia as peculiaridades do oceano, respondeu:

— Mas claro que é. A água do mar é salgada!

As surpresas de Lenara não acabaram por aí. Estava preocupada com o barulho das ondas, apesar dos guarda-vidas começarem a hastear bandeiras amarelas nas guaritas naquele momento:

— É sempre assim? Será que não vem uma daquelas ondas grandes, como é que se chama?

A amiga a tranquilizou:

— Tsunami? Não, esse é o barulho normal das ondas mesmo. Às vezes fica até mais forte.

Vencido o receio, Lenara se recostou na cadeira e voltou a se admirar com o que via — o mar, embora não esteja mais apresentando a coloração esmeralda de dias atrás, ainda se mostra limpo e com as cristas de onda brancas.

— Nunca vi tanta água na minha vida. É uma imensidão. Muito bonito. Estou realizando um sonho — declarou, explicando que, até essa quarta-feira, nunca havia visitado o litoral por "falta de oportunidade".

A excursão de agricultores vinculados à Emater foi a chance que faltava para cumprir o antigo desejo. Conseguiu, ainda, trazer os dois filhos, Thomas, de 10 anos, e Thaila, de 17, para testemunharem a beleza do mar juntos. Thomas, apesar da sensação de frio, não saía da água.

No céu, três parapentes motorizados percorriam a orla e disputavam a atenção dos banhistas.

A excursão voltaria para Vera Cruz no mesmo dia em que chegou. A partida estava marcada para as 17h. Ângela olhou para o mar, para a amiga ao lado que via aquilo tudo pela primeira vez e mirou o Atlântico novamente. Levantou o chapéu, fazendo questão de revelar a cabeça sem fios de cabelo:

— A gente precisa aproveitar cada momento. Amanhã tenho mais uma sessão de quimioterapia. Mas, hoje, quero só admirar o mar também.


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