Direto da Redação
Émerson Santos: "A magia de uma primeira vez"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Há algumas semanas, uma matéria publicada aqui no Diário Gaúcho chamou tanto a minha atenção que sigo tendo algumas reflexões sobre ela. Então, resolvi trazer para esse espaço um pouco desses pensamentos.
Nessa reportagem, foi apresentada uma agricultora do município de Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, que, aos 44 anos, realizou o grande sonho de, pela primeira vez, ver o mar. Eu, que nasci e cresci em Porto Alegre, não sei como é viver no interior do Estado. Mas fui criado na Lomba do Pinheiro, bairro periférico que fica na zona leste da Capital, e sei que aquele foi o único mundo que conheci por muito tempo. E eu amo o lugar de onde vim, mas tinha a minha visão muito limitada a ele. É que viver em uma região afastada dos principais atrativos da cidade não te permite muitas experiências para além do que já estávamos acostumados a ver ali.
Expansão
A educação foi um ponto importante na minha trajetória, e a partir dela eu comecei a ter uma série de vivências “pela primeira vez“ que, pouco a pouco, cumpriram a função de expandir esse mundinho que eu conhecia até então.
Minha família não tinha condições financeiras para viagens e curtições nas férias, tudo era muito restrito. Mas, com apoio de incontáveis pessoas, fui acessando espaços que me permitiram fazer contatos, nutrir boas amizades, encontrar um amor e, com ele, começar a explorar o mundo aos poucos.
Fui o primeiro da minha família a entrar na universidade, fiz minha primeira grande viagem – e depois vieram outras –, pela primeira vez fui para fora do país, experimentei algumas comidas e bebidas pela primeira vez, ocupei alguns espaços que, até então, eram inalcançáveis para os meus pais, tios e avós.
Então, pensando sobre a alegria dessa mulher que, pela primeira vez, viu o mar, refleti sobre a beleza que esses momentos trazem para nossa caminhada. Vivências que nos marcam de uma forma que são capazes de nos transformar.