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Investigação

Empresa suspeita de fraudar contratação de serviço de home care cobraria ágio de até 200%

Ofensiva da Polícia Civil, denominada False Care, tem como principal investigada uma companhia de Porto Alegre, que teria montado falsos orçamentos para colocar dentro de processos judiciais que demandam de planos de saúde privados e do IPE Saúde o atendimento a pacientes em casa. Duas mulheres foram presas — o nome delas não foi divulgado

16/01/2025 - 14h09min


Adriana Irion
Adriana Irion
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Duas mulheres foram presas durante operação.

A investigação da Operação False Care apurou que a empresa suspeita de fraudar orçamentos superfaturava itens do serviço de home care em até 200%. A Enfpro Soluções em Saúde é investigada por suspeita de falsificar orçamentos de concorrentes em ações judiciais para garantir a sua contratação, já que apresentava valor supostamente mais baixo.

Na verdade, os orçamentos da Enfpro tinham itens superfaturados.

— Havia ágio em cada item, como a hora de atendimento da enfermeira ou da fisioterapeuta, o valor do oxímetro explicou o delegado Max Otto Ritter, responsável pela investigação na 1ª Delegacia de Combate à Corrupção. 

Na manhã desta quinta-feira (16), a polícia prendeu as duas responsáveis pela empresa, que são enfermeiras. Elas tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça. Ambas também foram presas em flagrante, pois durante as buscas, uma pistola 9 milímetros foi encontrada na casa. O flagrante foi por posse ilegal de arma de uso restrito. A polícia não informa os nomes das mulheres presas.

Conforme o delegado Max, um dos desdobramentos do trabalho será apurar como os orçamentos falsificados chegavam aos processos judiciais. O caminho natural seria as famílias interessadas buscarem os orçamentos para usar nas ações que solicitam o pagamento pelos planos privados e do IPE-Saúde. 

Mas a polícia tem indicativos de que a própria Enfpro entregava aos advogados os três orçamentos. A empresa fraudaria os orçamentos das concorrentes para usar nas ações judiciais e fazer parecer que o seu valor era o mais baixo.

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Um dos desdobramentos do trabalho será apurar como os orçamentos falsificados chegavam aos processos judiciais.

O esquema criminoso

Usando o nome de concorrentes, a investigada apresentaria três orçamentos em que o dela, por ser o de valor mais baixo, acabava sempre sendo vencedor, garantindo a contratação. Isso teria ocorrido em pelo menos 10 ações judiciais identificadas até o momento.

Mesmo com valor mais baixo, a empresa vencia tendo superfaturado o próprio orçamento. A vantagem só parecia existir na comparação com os demais orçamentos que, na verdade, eram produzidos falsamente pela investigada. A polícia não revela o nome da empresa, mas a reportagem apurou que é a Enfpro Soluções em Saúde.

Operação

A 1ª Delegacia de Combate à Corrupção cumpre dois mandados de prisão preventiva — contra responsáveis pela empresa —, quatro mandados de busca e apreensão em residências e sedes da empresa e três de sequestro de móveis de luxo.  Todas as ordens judiciais são cumpridas em Porto Alegre.

As buscas visam coletar elementos que possam ajudar na comprovação dos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e estelionato contra a administração pública.

O trabalho tem apoio de auditores do Estado, integrantes da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado. Eles é que vão verificar o tamanho do prejuízo causado ao erário.

Contraponto

A reportagem tenta contato com a defesa da Enfpro Soluções em Saúde. O espaço está aberto para manifestação.


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