Seu problema é nosso
Família enfrenta suplício com esgoto parado em frente à casa em Gravataí
Transtorno é causado pelo desnível da casa com relação à rede de esgoto. Secretaria de Infraestrutura do município disse já ter providenciado a solução
Há cerca de dois anos, a entrada da casa de Núbia de Souza Almeida Santos, 65 anos, moradora da Rua Carlos Valter Mattos, em Gravataí, fica tomada por esgoto quando chove. O líquido escuro se acumula entre a rua e o pátio frontal da casa, impregnando o ambiente com um cheiro de fezes e podridão.
— O cheiro é tão forte que a gente não consegue mais ficar na rua. Nós fechamos todas as janelas aqui e ficamos dentro de casa com ar condicionado — relata a aposentada dos Correios.
Nos demais dias, quando não está chovendo, os dejetos ficam acumulados em uma vala entre o portão e a calçada. O desconforto com o odor, porém, é apenas parte do problema. Nos últimos tempos, Núbia passou a temer as doenças e a infestação de mosquitos.
— Está cheio de mosquitos e de larvas. Aqui nunca teve mosquito assim, os passarinhos estão até comendo as larvinhas — descreve.
Origem
O problema já se tornou um calvário difícil de ser escalado. Núbia conta que tentou uma solução com a prefeitura, com a antiga Secretaria de Obras e com a Vigilância Sanitária do município. Até agora, uma solução definitiva para o seu problema ainda não foi providenciada.
A situação vivida na residência que divide com o esposo e dois filhos, é, na verdade, fruto de uma tentativa de melhora. A moradora explica que os transtornos se iniciaram após as obras e instalação da rede pluvial na sua rua, uma perpendicular à Avenida Jardim das Acácias. As modificações foram entregues em 2023.
O que ocorre é que a rede de esgotamento instalada na avenida principal ficou em um nível superior ao da casa, a última da rua e que tem apenas uma saída. Com isso, o esgoto de parte das residências retorna para o fim da rede e fica parado em frente à casa de Nubia.
— Essa obra foi a pior coisa que fizeram. Antes disso, não tinha esse problema — afirma ela, que mora no local há 27 anos.
Enquanto não consegue conectar sua casa à rede de esgoto, a família usa três fossas sanitárias. Em cada limpeza da fossa, eles precisam arcar com um custo de R$ 700.
O vizinho de Núbia improvisou uma solução temporária conectando sua residência à rede de esgoto do vizinho dos fundos. No mesmo mote de tentar solucionar o problema por conta, a aposentada conta que já cogitou construir uma caixa de concreto sobre a boca de lobo onde o esgoto se acumula.
Contraponto
/// O último pedido de solução ao poder público registrado foi um protocolo na ouvidoria do município em janeiro de 2023. O processo 36/2023 foi encerrado em agosto daquele ano.
/// Na ocasião, a antiga Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop) informou à ouvidoria que realizaria um “levantamento topográfico para verificação de drenagem da rede pluvial”. Não foi informado prazo para resolução.
/// Segundo o atual secretário de Infraestrutura de Gravataí, Laone Pinedo, o problema relatado é de difícil solução.
— O correto seria que a casa tivesse sido construída em um nível mais alto, mas a gente sabe que é inviável. É uma população carente. Nesse caso, o que a prefeitura faz é tentar minimizar os efeitos — explica.
/// Após o contato com a reportagem, a equipe da secretaria esteve no local para realizar algumas ações. De acordo com o secretário, foram executadas a desobstrução da rede pluvial e a elevação da caixa de esgoto, além da colocação de uma tampa de concreto para evitar a exposição dos resíduos.
/// Além disso, o titular esclareceu que as ligações de esgoto cloacal na rede pluvial são irregulares na região e prometeu realizar um trabalho de conscientização entre os vizinhos.
*Produção: Guilherme Freling