Guerra em Gaza
Israel acusa Hamas de alterar termos de cessar-fogo, e acordo anunciado pode atrasar
Conselho de Ministros israelense precisa se reunir nesta quinta-feira para avaliar o acordo e aprová-lo
Israel acusou nesta quinta-feira (16) o movimento islamista palestino Hamas de provocar "uma crise de último minuto" ao desistir de alguns pontos do acordo de trégua em Gaza anunciado na quarta (15).
"O Hamas não cumpriu partes do acordo alcançado com os mediadores e Israel em uma tentativa de obter concessões de último minuto", disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em um comunicado.
"O gabinete de segurança israelense não se reunirá (para aprovar o acordo) até que os mediadores tenham notificado Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo", acrescentou o texto.
Após mais de um ano, as negociações indiretas entre Israel e Hamas aceleraram nos últimos dias antes de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deixar a Casa Branca para ser substituído pelo republicano Donald Trump — que toma posse na próxima segunda-feira (20).
Na noite dessa quarta, os países mediadores anunciaram um acordo em três fases que prevê uma trégua a partir do domingo, uma primeira troca de 33 reféns israelenses por presos palestinos e um aumento da ajuda humanitária.
O Conselho de Ministros de Israel precisa se reunir durante esta quinta-feira para avaliar o acordo e aprová-lo apesar das diferenças internas.
As três fases do acordo
Além da trégua, o cessar-fogo entre Israel e Hamas prevê também a libertação e troca de reféns. A negociação indica, inicialmente, seis semanas sem conflitos.
O acordo é dividido em três fases:
Primeira fase
Prevista para entrar em vigor no domingo (19), terá 42 dias de duração. É o primeiro momento de troca de reféns entre Israel e Hamas.
- Libertação gradual de 33 reféns capturados em Israel ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos. Entre eles estariam cinco soldados israelenses.
- Em troca, serão liberados 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que estão cumprindo penas perpétuas.
- Ao final da primeira fase, todos os reféns civis – vivos ou mortos – terão sido libertados.
- Forças israelenses se retirariam dos centros populacionais de Gaza.
- Palestinos seriam autorizados a começar a retornar para suas casas no norte do enclave.
- Está previsto, ainda, um aumento na ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando a cada dia no local.
Segunda fase
Os detalhes deste momento do acordo ainda serão negociados no decorrer da primeira fase.
- Não há garantias documentadas de que o cessar-fogo irá persistir até que os termos da segunda fase sejam elaborados.
Terceira fase
Corpos dos reféns restantes seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos que seria executado em Gaza sob supervisão internacional.