Quando pararmos de nos sensibilizar com a dor dos outros, estamos mortos enquanto humanidade. Os incêndios que devastaram Los Angeles, EUA, na semana passada mostraram a fúria da natureza. Ventos de mais de 100 km espalhando o fogo, bairros inteiros completamente queimados, cenário de guerra, despreparo pra lidar com a calamidade, falta de água nos hidrantes. E o Oceano Pacífico, que banha o estado da Califórnia, assistindo a tudo. Um mar de mãos atadas.

Você deve ter visto as imagens horríveis sobre isso. “Ah, mas o fogo destruiu bairros riquíssimos e mansões de celebridades”. Tirando o saldo no banco, são pessoas que também querem voltar pra casa no fim do dia. Pensa em todo o comércio local, escolas, igrejas, tudo destruído. Não dá mais pra falar em mudanças climáticas: são loucuras climáticas cada vez mais frequentes e intensas. Nem a terra do cinema escapou, nenhum roteiro de filme pode ser tão dramático quanto a realidade.

Desabrigados

Tive muitos gatilhos comparando a devastação desses incêndios com o estrago das enchentes que vivemos no RS ano passado. Ter que evacuar bairros às pressas, os milhares de desabrigados, o mutirão dos bombeiros, a sensação geral de impotência e incredulidade. Lá eles estão acostumados com os incêndios florestais nas montanhas que cercam a cidade, mas não nesse nível. Eventos climáticos extremos vão seguir acontecendo e nos deixando insignificantes perante a força da natureza.

Mas vamos falar de coisas boas que surgem em pleno caos. Tomara que os voluntários de lá sejam tão numerosos e incansáveis quanto os daqui. A reconstrução de um lugar (seja onde for) é feita de união e coragem, também do senso de comunidade. E de recursos financeiros, claro. Muitos atores e atrizes já estão se movimentando nesse sentido. A fumaça vai baixar, as pessoas (famosos e anônimos) vão se ajudar. Até que venha a próxima loucura climática, testando a nossa fé.

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