Papo Reto
Manoel Soares: "Anatomia da fofoca"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
A fofoca é um câncer. Sim, realmente acredito nisso e não é exagero. Geralmente essa palavra, que tem um sentido quase inocente nos dias de hoje, na verdade é uma das armas mais perigosas da humanidade. A composição química da fofoca tem alguns dos elementos mais nojentos do comportamento humano. Para que uma fofoca cresça, ela precisa sair de uma boca invejosa.
A inveja é o sentimento de tristeza com o êxito alheio. São pessoas que ficam tristes com o sorriso dos outros. Além da inveja, a fofoca precisa de pitadas de mentira. Mas não aquela mentira que afirma algo, e sim aquela que lança dúvidas sobre a verdade. Pessoas que plantam a semente da desconfiança nos outros a respeito de alguém, para que seu alvo seja considerado tão baixo como ela.
A desonestidade é outro elemento fundamental para que a fofoca cumpra sua terrível missão. Afinal, se a pessoa for honesta, não terá recursos de mau-caratismo para criar distorções dos fatos. Vale ressaltar que a desonestidade é um comportamento que se expande para todas as áreas da vida. Ou seja, um amigo desonesto é um marido desonesto e um funcionário desonesto.
Por último, mas não menos importante, a fofoca tem como ingrediente principal a maldade. Ela nunca tem como destino gerar alegria, mas sim algum tipo de tristeza. A pessoa fofoqueira e a pessoa que consome fofoca se alimentam do prazer de gerar a dor alheia.
Fofoqueiros são animais de hábitos canibais: devoram a reputação dos mais próximos e dos semelhantes. Sendo assim, se você tem alguém próximo que tem esse terrível hábito, se afaste. Pois logo seu nome estará boiando na sopa de veneno que ele entregará como piadas ou palavras sonsas em cochichos.