Direto da Redação
Michele Pradella: "Praia acessível para todos"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Verão rima com sol, mar, areia, descanso e aquela ventania boa, o famoso “nordestão” que só o litoral norte gaúcho proporciona. Ir à praia sempre foi um dos meus programas favoritos, mas até bem pouco tempo atrás, a diversão ficava pela metade.
Todo cadeirante sabe que chegar até a beira do mar é uma missão quase impossível. Na areia fofa, as rodas travam. Na areia molhada, atolam. Curtir as ondas batendo no corpo, então, só em sonhos. Passei anos sem entrar no mar, afinal, não havia uma alternativa viável ou segura para entrar na água.
Isso mudou há poucos anos, com a introdução do projeto Praia Acessível. Com a parceria do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), pessoas com deficiência (PCDs) podem aproveitar a praia com tudo o que ela oferece, incluindo o banho de mar. Isso é possível com o uso da cadeira anfíbia, projetada especialmente para andar pela areia e vencer as ondas, proporcionando uma experiência completa – e deliciosa.
Antes de conhecer essa iniciativa, me contentava em olhar o mar de longe, em uma relação quase platônica. Tentei algumas vezes ficar sentada na areia, mas o medo de ser levada por uma onda mais forte tirava metade da graça.
Neste ano, tomei coragem de entrar no mar. Com auxílio de dois guarda-vidas do CBMRS, senti as ondas batendo na pele, e até tomei alguns “caldinhos”. Os rapazes que me acompanhavam, além de segurarem firme a cadeira, iam jogando água em mim aos poucos, para acostumar com a temperatura gélida da água. Sensibilidade, delicadeza e muita simpatia dos rapazes que me auxiliaram fizeram deste um momento inesquecível.
Sensações
Pode parecer bobagem para quem não sente na pele as dificuldades impostas aos PCDs. Porém, em um mundo que por muitas razões não se mostra preparado para nos acolher, um simples banho de mar pode ser um respiro de liberdade.