Zona norte de Porto Alegre
Moradores do bairro Auxiliadora relatam ataques de cães da raça pit-bull; veja vídeo
Residentes da região relatam "medo generalizado" e apontam que episódios são recorrentes há pelo menos três anos
Uma mulher, cuja idade ainda não foi informada, foi atacada por um cachorro da raça pit-bull na tarde desta terça-feira (21), na Rua 24 de Outubro, no bairro Auxiliadora, em Porto Alegre.
Moradores relatam que episódios semelhantes são recorrentes na região e teriam começado há cerca de três anos, quando dois pit-bulls, supostamente pertencentes ao proprietário de um estacionamento no bairro, passaram a assustar e atacar quem passa pelo local.
— Há cerca de três semanas, um senhor foi atacado na Rua Benjamin Constant, por esses mesmos pit-bulls. O homem se machucou bastante e registrou um boletim de ocorrência — afirma Suzana Aldworth Marins, 63 anos, servidora pública aposentada.
Ela também relata o outro ataque, na tarde desta terça. Segundo ela, uma senhora que passeava com seus cachorros, foi atacada por um dos animais.
De acordo com João Volino Corrêa, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Auxiliadora (AMA), as denúncias estão sendo organizadas e encaminhadas para as autoridades.
— O que nós, como associação de moradores, fizemos foi organizar essas denúncias para encaminhá-las às autoridades, haja vista a situação de ilegalidade envolvendo cães que são conduzidos sem guia ou deixados soltos — explica.
Em um vídeo disponibilizado pelos moradores do bairro, é possível ver os dois pit-bulls soltos pela via, sem nenhuma guia ou focinheira, o que vai contra a Lei Estadual 12.353/2005, que obriga o uso desses apetrechos em cães dessa raça.
A lei determina, ainda, que cães que agredirem uma pessoa ou animal devem ser imediatamente enviados para avaliação de um médico veterinário, para analisar a periculosidade do animal agressor.
A mulher que foi atacada nesta terça-feira está recebendo tratamento no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS). Ainda não há informações sobre o estado de saúde da vítima.
— Essa situação tornou-se insustentável, pois agora todos têm medo de passear com seus cachorros ou com crianças pequenas, já que o risco de serem atacados pelos pit-bulls é constante. Há um clima de medo generalizado, ninguém quer morrer ou perder seu animal de estimação. A nossa vida aqui está realmente muito difícil — relata Suzana.
Outro ataque
O homem que sofreu o ataque no final de dezembro é Ubirajara Souza Gonçalves, 60 anos, que trabalha como representante comercial. Ele conta que, durante um passeio com a esposa, avistou os pit-bulls avançando em outros dois cães.
— Uma senhora passeava pela rua com um labrador e um outro cão pequeno. Foi então que os dois pit-bulls avançaram sobre ela e sobre o labrador. O pequeno conseguiu escapar, mas o labrador ficou sob ataque, enquanto a senhora gritava desesperada por ajuda — detalhou.
Ao ouvir os gritos, Gonçalves tentou prestar socorro. Ele relatou a cena em que os dois pit-bulls estavam atacando o labrador, um mordendo o pescoço e a parte traseira, e o outro a barriga.
— Decidi agir. Peguei o cachorro que estava na barriga e comecei a tentar afastá-lo. Levantei-o pelas patas traseiras e caminhei para trás, mas ele conseguiu se soltar e voltou a atacar o labrador — contou.
Segundo o representante comercial, outras pessoas também começaram a ajudar, incluindo um motoqueiro. Usaram capacetes para tentar conter os pit-bulls. Finalmente, um deles fugiu em direção à Rua Benjamin Constant.
— Eu fui atrás dele. Naquele momento, só conseguia pensar que ele poderia atacar outra pessoa, uma criança ou até mesmo outro cão — comentou.
Durante a perseguição, o cachorro entrou em um estacionamento. Gonçalves tentou acuá-lo e ficou de frente para o animal, buscando mantê-lo calmo até que alguém pudesse fechar o portão. A situação se intensificou quando o pit-bull, em um movimento repentino, pulou na direção dele.
— Com as patas, o cachorro arranhou meu rosto e eu caí para trás. Na queda, quebrei o punho esquerdo, um dedo e tive uma fissura no punho direito. Mesmo com toda a dor, o pit-bull continuava tentando me atacar — relembrou.
A Brigada Militar foi acionada, e, mesmo gravemente ferido, ele conseguiu se levantar e realizar um boletim de ocorrência.
— Estou sem poder trabalhar. Isso acabou com o meu Réveillon e também com as férias que tiraria com a minha esposa. Toda a minha rotina foi alterada, pois estou com os dois braços imobilizados — lamentou.
*Produção: Leonardo Martins