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Desabamento parcial

Moradores monitoram casas sob risco de desmoronar em Eldorado do Sul

Cinco moradias localizadas à margem de um braço do Rio Jacuí perderam parte do terreno, alguma estrutura complementar ou apresentaram rachaduras na terça-feira

16/01/2025 - 14h04min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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No final da manhã de terça-feira (14), o jogador de futebol Marcus Leal Silveira, 29 anos, almoçava na casa do pai. O empresário Régis Silva dos Santos, 54, estava focado no trabalho. Desde então, os dois moradores de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, se dedicam a uma mesma tarefa: monitorar o tamanho de rachaduras e torcer para que suas casas não sejam engolidas em definitivo por um braço do Rio Jacuí.

Desde que parte de seus terrenos desmoronou, levando junto pedaços dos imóveis, como uma piscina e uma área de lazer, eles se abrigaram em casas de familiares, mas mantêm uma espécie de vigília no antigo endereço para saber se conseguirão salvar as moradias. A vizinhança toda aguarda a realização de laudos pela prefeitura para avaliar se podem recompor o terreno e implantar algum tipo de escora que salve as residências.

— Estamos aguardando engenheiros da prefeitura, que ficaram de vir hoje (quarta), para saber o que fazer. Se as casas estão condenadas, se podemos fazer algo para salvá-las... — afirma Santos, que tem planos de fazer um estaqueamento para segurar o terreno.

Silveira, que vivia no imóvel de dois pisos com a esposa e dois filhos, de cinco anos e de quatro meses, conta que a casa inteira se deslocou um palmo na direção do rio na terça-feira. Como mais de cinco metros do solo diante dela se esfarelaram, parte do assoalho está pairando no ar, um par de metros acima d'água.

Parte da nossa casa está suspensa. Um muro de contenção que pegava várias casas foi abaixo — lamenta o atleta.

A prefeitura divulgou nota ainda na terça dizendo que nove casas foram interditadas, e três haviam desabado. Conforme Zero Hora observou no local e confirmou com os moradores, até a tarde de quarta (15) não havia ocorrido desmoronamento de casas inteiras — mas pelo menos cinco delas perderam parte do terreno, alguma estrutura complementar como garagem, piscina ou áreas de lazer, ou apresentaram rachaduras consideráveis. Em uma delas. Parte do telhado cedeu.

O comerciante Júlio Dadalt, 53 anos, sob orientação de um engenheiro, colou fitas adesivas de forma perpendicular em rachaduras no chão e nas paredes. Em cada uma, tinha registrado o horário em que a fita foi afixada. Assim, se alguma delas rasgasse, saberia que o solo voltou a ceder.

Como nenhum adesivo havia se rompido nesta quarta, ele decidiu permanecer na casa de dois pisos com a mulher e uma filha.

— Receio eu tenho. Estou com o coração na mão, mas vamos pra onde? E vou deixar todos os meus pertences aqui? — afirma Dadalt.

Moradores dizem que os desabamentos teriam sido precipitados por um vazamento em um ramal da Corsan Aegea na região.

— Vazava água por baixo das casas para dentro do rio — garante Silveira.

O gestor de Relações Institucionais da Corsan, Luciano Vieira Brandão, esteve no local na tarde de quarta. Ele sustenta que o vazamento não seria suficiente para causar os estragos registrados:

— Foi um vazamento pequeno em um ramal. A questão é que esse solo já estava fragilizado desde a enchente de maio. A movimentação do solo, inclusive, é que pode ter causado o vazamento.

Segundo Brandão, uma perícia naquele ponto da rede de abastecimento deverá ser feita a partir desta quinta (16) e levar ao menos três dias para ser concluída.

Os moradores relatam que, até o fim da tarde desta quarta, ainda não haviam sido procurados por engenheiros da prefeitura. A informação que receberam é de que a vistoria seria feita na quinta.

Há pouco mais de um mês, o terreno de uma casa próxima já havia cedido e foi reconstruído. Agora, esta moradia estava vazia.

— O dono recuperou o solo, mas acredito que desde a enchente já havia problemas. O vazamento pode ter agravado ainda mais a situação — avalia o empresário Régis Santos.

Procurada por Zero Hora, a prefeitura de Eldorado enviou uma nota oficial e não respondeu a pedidos complementares de informação. Leia, abaixo, o comunicado oficial.

Nota da prefeitura de Eldorado

A Defesa Civil em ação conjunta com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Planejamento e Secretaria Municipal de Habitação estiveram no local acompanhando a situação e oferecendo apoio as famílias afetadas. A Defesa Civil do município adotou medidas de precaução e interditou a área, abrangendo as residências em risco, oferecendo apoio às famílias afetadas.

A Secretaria Municipal de Planejamento concluiu o laudo técnico de vistoria do local, enquanto o município aguarda o parecer técnico da CORSAN para complementar a análise da situação. Simultaneamente, a Secretaria está elaborando laudos individuais que detalham os danos estruturais em cada residência afetada, garantindo uma avaliação precisa e completa dos impactos.

Estamos tomando todas as medidas necessárias para assegurar a segurança da população e minimizar os impactos desses eventos, priorizando o cuidado com as pessoas.


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