Reta final
"Não poderíamos fazer essa despedida sem tocar no Planeta Atlântida", diz Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts
Grupo será atração do segundo dia do festival, marcado para os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, na Saba, em Xangri-lá
É "brilhando em vida, sorrindo à toa, só vibrando amor e paz", como cantam em Sorri, Sou Rei, que os integrantes do Natiruts prometem subir pela última vez ao palco do Planeta Atlântida. O grupo será atração do segundo dia do festival, marcado para os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, na Saba, em Xangri-lá.
A apresentação ocorre em meio à turnê derradeira dos regueiros, que anunciaram o fim das atividades como grupo no início do ano.
— Não poderíamos fazer essa despedida sem tocar no Planeta Atlântida, um dos festivais mais importantes e longevos do país — afirma Alexandre Carlo, vocalista, guitarrista e compositor do grupo.
Com quase três décadas de carreira, 11 discos e mais de 100 faixas lançadas, o Natiruts tem uma extensa lista de canções de sucesso, lembradas ao primeiro acorde por grande parte dos brasileiros. Os exemplos são muitos: Quero Ser Feliz Também, Liberdade pra Dentro da Cabeça, Natiruts Reggae Power, Você me Encantou Demais, Presente de um Beija-Flor, Deixa o Menino Jogar, Meu Reggae É Roots, Andei Só e a própria Sorri, Sou Rei, só para citar algumas das regueiras.
O suprassumo do vasto repertório da banda é o que deve ser apresentado ao público do Planeta Atlântida, em um show que se assemelha ao da turnê de despedida, mas é adaptado ao formato de festival. Já a tour chegará à Capital em 15 de março, após adiamento imposto pela enchente.
Conforme Luís Maurício, baixista do grupo, as apresentações serão marcadas pela "entrega total" dos integrantes da banda:
— Estamos fazendo todos os shows como se fossem os últimos, e realmente são (risos). Queremos curtir, vivenciar e desfrutar a cada instante, cada música, e sentir essa troca do público com a gente.
Bastidores do término
Alexandre e Luís Maurício são os remanescentes da formação original do Natiruts, que iniciou sua caminhada artística na Brasília de 1996, primeiramente com o nome de Nativus. A banda experimentou diferentes configurações ao longo dos anos, mas sempre passou longe das polêmicas. É por isso que a notícia do término, anunciada por eles em fevereiro, pegou todos de surpresa.
Contudo, conforme Alexandre, a ideia já vem sendo amadurecida desde meados de 2018, ano em que foi lançado o último disco de inéditas do grupo. De lá para cá, o músico diz ter convivido com a sensação de que "já havia chegado ao limite dentro do reggae".
A percepção era compartilhada por Luís Maurício, e o martelo foi batido de comum acordo, no momento em que ambos entenderam ser o certo. Sem briga, sem desentendimentos, só com motivos para se orgulhar da trajetória construída conjuntamente.
— É a primeira vez na história que o vocalista não é o causador da discórdia (risos) — brinca Alexandre. — Foi uma decisão tomada muito em paz, para continuarmos sendo sinceros com a nossa arte, e a mais acertada que poderíamos ter tomado — explica.
— Sempre brincamos com o exemplo do Pelé, que depois de ser tricampeão do mundo com a Seleção, anunciou que iria se aposentar. É importante saber a hora de parar, e acho que a gente escolheu o momento certo. Chegamos ao ponto mais alto que podíamos, fomos muito além do que imaginamos. O sentimento é de dever cumprido — acrescenta Luís Maurício.
O grupo vem colecionando shows com lotação máxima na turnê de despedida, iniciada em junho, no estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal. Em São Paulo, encheram o Allianz Parque nas quatro datas que foram abertas, duas delas extras. Já em Porto Alegre, o show ocorre no Estádio Passo D'Areia, o Zequinha, também com promessa de sold out.
— Estamos nos enxergando em um lugar onde estávamos acostumados a ver os Rolling Stones, as grandes bandas internacionais. Nunca imaginamos que um dia tocaríamos em estádios lotados — confessa o baixista do Natiruts.
A adesão do público surpreendeu os artistas, que previam despertar alguma comoção com a despedida, mas não em tão grandiosa escala. Para Alexandre, que agora seguirá em carreira solo, os últimos shows do grupo, incluindo o do Planeta Atlântida, vêm para eternizar o legado do Natiruts na memória e no coração dos fãs:
— O mais importante da nossa carreira é o impacto positivo que causamos na vida das pessoas, através das nossas canções.