Tendência
"Totalmente imersa na tecnologia": entenda como será a geração beta, os nascidos a partir de 2025
Grupo demográfico deve representar 16% da população mundial até 2035. A forte influência da inteligência artificial (IA) será uma característica que os diferencia dos demais
Em 2025, nasce uma nova geração. Batizado de “beta”, esse grupo demográfico será composto por pessoas nascidas entre 2025 e 2039, conforme especialistas. A principal classificação foi criada pelo pesquisador Mark McCrindle, que estuda tendências geracionais e chamou esse grupo de beta, ou seja, o grupo subsequente à geração alfa.
Conforme o pesquisador, a beta deve representar 16% da população mundial até 2035. De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, trata-se de um grupo que viverá em um mundo altamente marcado pela tecnologia, sobretudo pelas mais recentes, como a inteligência artificial (IA) e realidade virtual (VR).
— Transporte autônomo em larga escala, tecnologias "vestíveís", ambientes virtuais imersivos. São coisas com as quais ainda não estamos muito familiarizados. Mas essa geração será totalmente imersa na tecnologia, com a IA e a automação já incorporadas no dia a dia, seja na educação, na saúde, no entretenimento ou no trabalho — explica a consultora e palestrante nas áreas de diversidade etária e etarismo, Fran Winandy.
Conforme a especialista, é isso que diferencia essa geração da alfa, que é composta por crianças e jovens que ainda estão vendo essas tecnologias sendo desenvolvidas e recém começando a fazer parte do cotidiano das pessoas, principalmente dos pais. Um exemplo é o uso de ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, e óculos de realidade virtual.
Novas gerações
- Builders: nascidos entre 1925-1945
- Boomers: nascidos entre 1946-1964
- Geração X: nascidos entre 1965-1979
- Geração Y: nascidos entre 1980-1994
- Geração Z: nascidos entre 1995-2009
- Geração alfa: nascidos entre 2010-2024
- Geração beta: nascidos a partir de 2025
Integram a geração alfa aqueles que nasceram entre 2010 e 2024, conforme a classificação de McCrindle. Vale ressaltar que essas divisões não são um consenso entre os especialistas, e o objetivo não é generalizar as pessoas, mas sim facilitar estudos e análises.
— Não podemos simplificar demais, colocar todas as pessoas de um recorte geracional em um mesmo perfil. Quando falamos em gerações, trata-se de uma lente para olhar diferentes pessoas que vivem em um cenário com características em comum. Não significa que sejam todas iguais.
Ela destaca que a geração beta deve ser um grupo menor do que os demais, tendo em vista o envelhecimento da população e a queda nos índices de natalidade. Isso deve gerar novos desafios em termos de comportamento no mercado de trabalho e relação com o meio ambiente.
Em geral, trata-se de uma geração que ainda precisa ser analisada e compreendida, conforme esses indivíduos se desenvolverem. O mesmo pode ser dito sobre a chamada geração gama, que se refere aos que nascerão entre 2040 e 2054. Ambos os grupos vão testemunhar a chegada do século 22, com inovações e transformações tecnológicas ainda desconhecidas.
Sustentabilidade em pauta
Conforme o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberto Kanter, no que diz respeito a consumo e perfil profissional, para os jovens da geração beta, a preocupação com sustentabilidade e diversidade não será opcional, mas uma obrigação.
— Não haverá outra maneira de lidar com as relações humanas que não seja baseada em valores como diversidade, igualdade e sustentabilidade. O que era aceitável anos atrás, como alguns preconceitos, será considerado inaceitável. Empresas construindo marcas com esse olhar terão muito mais chance de sobreviver nos próximos anos — destaca o professor.
Segundo ele, a geração beta deve valorizar mais as experiências do que os produtos em si, bem como a economia colaborativa, pensando em modelos de negócio mais sustentáveis. O professor ressalta que o comportamento da geração beta no mercado de trabalho ainda não pode ser analisado, mas é provável que eles sigam tendências da geração alfa.
— Ainda vamos ver como eles se comportam no mercado, a geração alfa está recém ingressando. Mas a geração beta tem a chance de consolidar tendências dessa outra geração, ou criar novas que ainda não sabemos quais são — afirma Kanter.