Decisão liminar
Adiamento do retorno das aulas pega pais e alunos de surpresa: "Não tinha sido informado"
Justiça atendeu a pedido do Cpers, que argumenta que o calor intenso prejudicaria a volta das atividades. Retomada foi reagendada para semana que vem
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Paulo de Lima Santos, 50 anos, encontrou a Escola Estadual Protásio Alves, na Avenida Ipiranga, fechada minutos antes das 7h30min desta segunda-feira (10), quando a aula estava marcada para começar.
O retorno das aulas foi adiado em razão de uma decisão liminar da Justiça, atendendo a pedido do Cpers, que argumentava que o calor intenso prejudicaria a volta das atividades.
Paulo estava com o filho, Miguel Santos, 18 anos, do terceiro ano do Ensino Médio.
— Não tinha sido informado (adiamento das aulas). Não vi nada disso no celular antes de sair de casa. A escola poderia ter um grupo no WhatsApp para avisar esse tipo de coisa — disse o morador da zona sul de Porto Alegre.
Miguel relatou que a situação estava “confusa”. Não havia cartaz na entrada da escola avisando o adiamento das aulas.
— Achava que iria começar tudo normal, como sempre foi, mas não tem o que fazer. O jeito é só esperar para ver o que vai acontecer — relatou o jovem.
Silvana da Silva, 35 anos, foi informada pela reportagem que o retorno às aulas tinha sido adiado. Ela estava com o filho, de 15 anos, estudante do primeiro ano do Ensino Médio.
— Disseram que as aulas começariam dia 10 e que era para entrar pontualmente. Estamos aqui e está fechada. É um despropósito, porque temos outros compromissos. Agora tenho de levar meu filho para casa para depois ir trabalhar — relatou a auxiliar administrativa, que mora no bairro Partenon.
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Na Escola Estadual Júlio de Castilhos, na Avenida Piratini, uma das maiores do Estado, a situação se repetia. Pais e alunos encontraram a instituição de ensino fechada nesta manhã.
Um dos pais conta que ficou sabendo do adiamento durante a noite de domingo (9) pelo WhatsApp.
— Vim conferir para ter certeza, ver se era verdade mesmo — diz.
Diferentemente da Protásio Alves, em frente ao Julinho há uma placa, que avisa que as aulas foram adiadas em razão da liminar. Diz ainda que a volta das atividades deve acontecer daqui uma semana e informa que se houver alguma mudança, a instituição de ensino vai comunicar pelas redes sociais.
O que dizem as escolas
Conforme Daniela Ribeiro, vice-diretora do Protásio Alves, a escola foi comunicada que não haveria aula no fim da tarde de domingo. A situação fez com que não fosse possível informar a alteração para toda a comunidade escolar, que tem cerca de 1,3 mil estudantes.
— Avisamos pelas redes sociais e por mensagem de celular, mas temos alunos que não têm acesso a isso, outros não conhecem as redes do colégio porque são novos. Por isso estou aqui desde as 7h aguardando para dar informações caso alguém apareça — relatou a professora, que conversou com a reportagem por volta das 7h45min, na recepção da escola.
Segundo a vice-diretora, a ideia é que a secretaria do colégio funcione durante a semana e os professores trabalhem de forma remota. Daniela considera a infraestrutura do Protásio boa, capaz de oferecer um ambiente confortável aos estudantes durante o calorão.
— Todas as salas de aula têm ar-condicionado, temos bebedouros ótimos. Só que pensamos também naquele aluno que se desloca, porque a maioria não é aqui do bairro, e sim da Restinga e Belém (na Zona Sul). Esse deslocamento seria um sofrimento para eles — pontua.
A situação estrutural do Protásio Alves é diferente da vivida no Julinho, conforme José Morais, vice-diretor do turno da tarde.
— Nenhuma sala de aula nossa tem ar-condicionado. Há, em média, três ou quatro ventiladores em cada sala, que não dão conta. Fico imaginando uma aula com 30 alunos em uma situação como essa que vivemos (onde de calor). É complicado — resumiu Morais.
Além do aviso no portão da escola, que esclarecia à comunidade escolar sobre a mudança no calendário, a situação também foi reportada pelas redes sociais e WhatsApp. Segundo a direção, a estimativa é de que 10 estudantes tenham estado na instituição sem saber da mudança na data de início das atividades.
— Cumprimos o cronograma e fizemos o necessário para receber os alunos. Somos professores, estamos aqui para trabalhar, mas nos preocupamos com essa situação, não apenas pela estrutura da escola, mas também no deslocamento dos alunos. A educação também deve pensar o contexto da escola — pontuou.
Entenda
O Estado cumpriu liminar da Justiça, que adiou em uma semana o início das aulas nas escolas do Estado. Em nota, o Palácio Piratini diz que irá recorrer da decisão e que dará novas informações no decorrer da segunda-feira (leia íntegra abaixo).
A decisão da desembargadora do Tribunal de Justiça (TJ) Lucia de Fátima Cerveira atendeu a pedido do Cpers. O sindicato dos professores argumentou que o calor intenso prejudicaria o retorno do ano letivo, previsto para o dia 10, e que nem todas as escolas estaduais estão preparadas para suportar temperaturas acima de 40°C.
De acordo com a liminar, as aulas começarão no dia 17 de fevereiro. A secretária da Educação, Raquel Teixeira, informou em entrevista ao Gaúcha Atualidade que o Estado busca na Justiça que o retorno aconteça na quarta ou na quinta-feira dessa semana, quando há previsão de que uma massa de ar frio amenize as temperaturas.
Leia a nota:
"Nota sobre o adiamento do início do ano letivo na Rede Estadual de ensino
O governo do Estado informa que, em cumprimento a decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, não haverá aula nas 2.320 escolas da Rede Estadual nesta segunda-feira (10/2).
Considerando que a decisão pode ser revertida em análise do recurso que será interposto ainda neste domingo (9), o governo disponibilizará informações atualizadas acerca da data de início do ano letivo durante a segunda-feira (10/2)."