Notícias



Há Qualificação!

Curso gratuito do Instituto Pró-Cidadania apresenta a gastronomia Afro-brasileira

Contando as histórias por trás de receitas ligadas às tradições religiosas de matrizes africanas, a formação promove o desenvolvimento pessoal e cultural

10/02/2025 - 11h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

O Instituto Pró-Cidadania (IPC), de Taquara, no Vale do Paranhana, em parceria com o Ministério da Cultura, abriu inscrições para o curso Sabores Afro-Brasileiros. Com o objetivo de promover formação cultural, a qualificação visa capacitar o desenvolvimento pessoal por meio da gastronomia. 

Além disso, o curso aborda a história por trás de receitas ligadas às tradições religiosas de matrizes africanas, e como as criações foram influenciadas ao longo dos anos até se tornarem pratos muito conhecidos pelos brasileiros. Todo o curso será disponibilizado de forma gratuita e em formato de ensino a distância (EAD).

As inscrições poderão ser realizadas no site do Instituto Pró-Cidadania. No site, os alunos podem ter acesso ao ciclo de vídeos. Ao fim da aprendizagem, os participantes recebem um certificado de conclusão. O curso completo com certificado estará disponível a partir de 21 de março, quando se celebra o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.

Para quem deseja saber um pouco mais sobre a ação, o IPC realizou no dia 2 de fevereiro, data em que se celebra o Dia de Iemanjá, o pré-lançamento do curso. A primeira videoaula já está disponível no YouTube, no canal @oficial_ipc, ministrado pela chef de cozinha Lourence Alves, doutora em Alimentação, Nutrição e Saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professora na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A receita introdutória é o mungunzá, também conhecido como canjica. 

Raízes

A chef Lourence, trabalha com gastronomia contracolonial e afrobrasilidades há mais de 10 anos. Já em 2024, foi convidada para ministrar o curso Sabores Afro-Brasileiros. Segundo a profissional, a proposta inicial buscava unir questões afros e de religiões de matriz africana, juntamente com o empreendedorismo, trazendo conhecimento histórico e profissional para os participantes.

– O curso é uma porta de entrada para quem nunca fez nada, e para quem já sabe é um aprimoramento. Esse assunto é algo que não é muito abordado dentro da gastronomia – afirma Lourence.

Com amplitude nacional, a abrangência da modalidade EAD é destacada por Lourence como “uma forma de chegar em outros lugares”. A chef também já adquiriu experiências pelo Brasil, por ser natural do Rio de Janeiro. Atualmente, mora na Bahia, onde é professora. Mas possui vínculo com o Rio Grande do Sul. Ao longo de 2021 e 2022 ela deu aula na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

– É uma felicidade poder me encontrar no Brasil e me conectar com diferentes culturas – ressalta Lourence.

Uso do Milho e a conexão ancestral

A primeira aula do curso é a preparação de um mungunzá. Também conhecido como canjica em algumas regiões do país, o prato, doce ou salgado, carrega a força da ancestralidade afro-brasileira em seus ingredientes e modo de preparo. Em muitas tradições, ele vai além da função de alimento e se torna uma oferenda.   

Segundo a chef, o prato é utilizado como oferenda devido ao simbolismo de seus ingredientes e sua conexão com Iemanjá. Utilizando o milho branco, sua cor representa pureza e paz, atributos ligados à força espiritual da orixá, mãe de todos e protetora dos mares. O grão do milho simboliza fartura e nutrição. Seu preparo e a divisão do alimento refletem os valores de união e ancestralidade das religiões afro. 

– Para mim é muito gratificante falar sobre o milho, não só com a sua conexão ancestral com a negritude, mas também a minha origem como mulher negra que estuda, pesquisa e consome – destaca a chef.

Ingredientes 

// 1 pacote de 500g de milho branco cozido

/// 1 litro de leite de coco (industrializado ou coco in natura) 

/// 1 xícara de açúcar 

/// Coco fresco ralado a gosto 

/// Grãos de cravo 

/// Canela 

/// Água (do remolho), se for preciso

Calda

/// 1 xícara de leite de coco

/// 2 colheres (sopa) de açúcar

/// 1 pitada de sal

Modo de preparo

/// Passo 1: Coloque o milho de molho na água e deixe por 24 horas.

/// Passo 2: Em uma panela, cozinhe o milho com 1 litro e ½ de água até amolecer. Se preferir, utilize a panela de pressão.

/// Passo 3: Assim que amolecer, acrescente o leite de coco, a canela, o cravo e o açúcar.

/// Passo 4: Retire metade do milho e bata no processador. Devolva ele à panela com o restante do mungunzá e mexa sem parar por aproximadamente 10 minutos.

/// O mungunzá é servido quente.

*Produção: Josyane Cardozo


MAIS SOBRE

Últimas Notícias