Há Qualificação!
Curso gratuito do Instituto Pró-Cidadania apresenta a gastronomia Afro-brasileira
Contando as histórias por trás de receitas ligadas às tradições religiosas de matrizes africanas, a formação promove o desenvolvimento pessoal e cultural

O Instituto Pró-Cidadania (IPC), de Taquara, no Vale do Paranhana, em parceria com o Ministério da Cultura, abriu inscrições para o curso Sabores Afro-Brasileiros. Com o objetivo de promover formação cultural, a qualificação visa capacitar o desenvolvimento pessoal por meio da gastronomia.
Além disso, o curso aborda a história por trás de receitas ligadas às tradições religiosas de matrizes africanas, e como as criações foram influenciadas ao longo dos anos até se tornarem pratos muito conhecidos pelos brasileiros. Todo o curso será disponibilizado de forma gratuita e em formato de ensino a distância (EAD).
As inscrições poderão ser realizadas no site do Instituto Pró-Cidadania. No site, os alunos podem ter acesso ao ciclo de vídeos. Ao fim da aprendizagem, os participantes recebem um certificado de conclusão. O curso completo com certificado estará disponível a partir de 21 de março, quando se celebra o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.
Para quem deseja saber um pouco mais sobre a ação, o IPC realizou no dia 2 de fevereiro, data em que se celebra o Dia de Iemanjá, o pré-lançamento do curso. A primeira videoaula já está disponível no YouTube, no canal @oficial_ipc, ministrado pela chef de cozinha Lourence Alves, doutora em Alimentação, Nutrição e Saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professora na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A receita introdutória é o mungunzá, também conhecido como canjica.
Raízes
A chef Lourence, trabalha com gastronomia contracolonial e afrobrasilidades há mais de 10 anos. Já em 2024, foi convidada para ministrar o curso Sabores Afro-Brasileiros. Segundo a profissional, a proposta inicial buscava unir questões afros e de religiões de matriz africana, juntamente com o empreendedorismo, trazendo conhecimento histórico e profissional para os participantes.
– O curso é uma porta de entrada para quem nunca fez nada, e para quem já sabe é um aprimoramento. Esse assunto é algo que não é muito abordado dentro da gastronomia – afirma Lourence.
Com amplitude nacional, a abrangência da modalidade EAD é destacada por Lourence como “uma forma de chegar em outros lugares”. A chef também já adquiriu experiências pelo Brasil, por ser natural do Rio de Janeiro. Atualmente, mora na Bahia, onde é professora. Mas possui vínculo com o Rio Grande do Sul. Ao longo de 2021 e 2022 ela deu aula na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
– É uma felicidade poder me encontrar no Brasil e me conectar com diferentes culturas – ressalta Lourence.
Uso do Milho e a conexão ancestral
A primeira aula do curso é a preparação de um mungunzá. Também conhecido como canjica em algumas regiões do país, o prato, doce ou salgado, carrega a força da ancestralidade afro-brasileira em seus ingredientes e modo de preparo. Em muitas tradições, ele vai além da função de alimento e se torna uma oferenda.
Segundo a chef, o prato é utilizado como oferenda devido ao simbolismo de seus ingredientes e sua conexão com Iemanjá. Utilizando o milho branco, sua cor representa pureza e paz, atributos ligados à força espiritual da orixá, mãe de todos e protetora dos mares. O grão do milho simboliza fartura e nutrição. Seu preparo e a divisão do alimento refletem os valores de união e ancestralidade das religiões afro.
– Para mim é muito gratificante falar sobre o milho, não só com a sua conexão ancestral com a negritude, mas também a minha origem como mulher negra que estuda, pesquisa e consome – destaca a chef.
Ingredientes
// 1 pacote de 500g de milho branco cozido
/// 1 litro de leite de coco (industrializado ou coco in natura)
/// 1 xícara de açúcar
/// Coco fresco ralado a gosto
/// Grãos de cravo
/// Canela
/// Água (do remolho), se for preciso
Calda
/// 1 xícara de leite de coco
/// 2 colheres (sopa) de açúcar
/// 1 pitada de sal
Modo de preparo
/// Passo 1: Coloque o milho de molho na água e deixe por 24 horas.
/// Passo 2: Em uma panela, cozinhe o milho com 1 litro e ½ de água até amolecer. Se preferir, utilize a panela de pressão.
/// Passo 3: Assim que amolecer, acrescente o leite de coco, a canela, o cravo e o açúcar.
/// Passo 4: Retire metade do milho e bata no processador. Devolva ele à panela com o restante do mungunzá e mexa sem parar por aproximadamente 10 minutos.
/// O mungunzá é servido quente.
*Produção: Josyane Cardozo