O esgoto da Rua EE, no bairro Guajuviras, em Canoas, tem gerado transtornos e dor de cabeça em moradores da parte mais baixa da via. Há mais de um ano, a água suja encontra partes do encanamento da rua entupidas e volta para dentro dos pátios e das residências. 

O problema é enfrentado pela auxiliar de limpeza Ilca dos Santos Correa, 48 anos, moradora do número 81 da rua. Os alagamentos pelo esgoto já se tornaram parte da rotina da família e de vizinhos. Segundo ela, a situação acontece há um certo tempo, mas se intensificou no início de 2024 quando um bueiro da rua foi desativado. A mesma coisa aconteceu com outro bueiro há cerca de três meses. As estruturas ficavam “antes” da casa, em uma parte mais alta. 

— Uma vez, a prefeitura trocou de lugar o bueiro que dava a vazão da água da minha casa, passaram para o outro lado da rua, e deu uma amenizada no problema. Mas agora desativaram os dois bueiros que ficavam antes da minha casa e os outros estão entupidos. A rua é uma descida, então aquela água que vem das casas de cima vai para dentro do meu pátio — explica. 

Nos dias secos, o esgoto se acumula na área externa da residência e causa mau cheiro. O problema piora quando chove, pois o volume de água aumenta e adentra a casa, destruindo os móveis. 

Já foram perdidos armários, estantes, cadeiras e, mais recentemente, a geladeira. No dia 1º de janeiro deste ano, a rede de drenagem não deu conta da forte chuva que assolou a região metropolitana de Porto Alegre e a casa de Ilca foi tomada. Apesar do esforço para preservar a mobília, o eletrodoméstico acabou queimado. 

A moradora entrou em contato com a prefeitura de Canoas diversas vezes nos últimos anos, mas nada foi resolvido. A resposta recebida era de que não havia o hidrojato, equipamento que dispensa água em alta pressão, para fazer a limpeza. 

Em 23 de janeiro, agentes municipais estiveram no local e informaram a Ilca que a prefeitura não era responsável pelo problema. No mesmo dia, a moradora ligou para a Corsan em busca de respostas, e foi informada de que “o endereço não está no mapa de obras” da empresa. 

— Enquanto eles ficam neste impasse, estou perdendo minhas coisas dentro de casa. Já não tenho mais guarda-roupas porque estragou tudo com a água de esgoto. Fora o cheiro, que é insuportável. Tenho duas filhas, uma com asma e a outra, sinusite, isso não faz bem para elas. Estou cansada de pedir ajuda e ninguém fazer nada — desabafa. 

Contrapontos

/// A Corsan informou à reportagem do DG que enviou uma equipe para avaliar a situação da Rua EE na noite de quarta-feira. Conforme a companhia, foi constatado que não há rede de esgoto cloacal na região e que a causa dos alagamentos está na rede pluvial, da qual a empresa não é responsável. 

/// A prefeitura de Canoas afirmou que, “nos próximos dias, será realizada uma vistoria no local, para avaliar a extensão do dano e encaminhar a solução junto ao órgão ou departamento competente”.

Produção: Caroline Fraga