Eu ia começar falando desse calor infernal, mas comecei a suar em bicas só de digitar a palavra calor. Pois é, afetou o psicológico já. Como sou uma pessoa que insiste em buscar o lado positivo de tudo, me dei conta da raridade da situação. Nos últimos dias, aqui no Rio Grande do Sul, estamos todos concordando em uma coisa: tá insuportável esse calorão extremo. Que gaúcho fica contente de testemunhar recordes históricos de temperatura máxima que ferram com a rotina das pessoas?

Vá lá, não sou um instituto de pesquisa. Só uma palpiteira que confia completamente no termômetro da intuição. Se esse calor absurdo não for unanimidade, está pertíssimo de ser. Pra quem tá dentro do mar ou da piscina, ai que delícia, pode discordar, te joga no calorão. Agora e quem precisa seguir a vida? Derrete nas ruas, frita na próxima esquina, se abana até não sentir mais o braço, chega em um compromisso com a roupa colada no corpo, o cabelo grudado na testa, chique.

Leque

Alerta vermelho: que o desodorante seja bom. À noite, que a gente consiga dormir. Alguém empresta um leque? Banho gelado nunca foi tão bom, só não resolve os óculos embaçados de calor. Os ventiladores trabalhando sem parar, exaustos na potência máxima (aguentem firme!). Os condicionadores de ar se sentindo disputados, amados e idolatrados (até que chegue a conta de luz). Corre pro shopping, que lá dentro tem e é de graça. Como tomar em paz um cafezinho? E chimarrão?

Voltando à raridade da coisa. Os gremistas e os colorados vão concordar. A turma da esquerda e da direita. Os destros e os canhotos. Os solteiros e os casados. Os que preferem doce e os que preferem salgado. Os veganos e os carnívoros. Enfim, o consenso! Tá demais esse calor. Uma trégua, por favor. As previsões da meteorologia são o único assunto possível. No mais, é normalizar o bigode suado e as manchas de suor na camisa. Dias raros esses. Até discordar dá calor.

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