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Coluna da Maga 

Magali Moraes: os carrancudos

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

21/02/2025 - 05h00min

Atualizada em: 21/02/2025 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Eu queria entender o que passa na cabeça deles. Os carrancudos não conseguem ser simpáticos ou nem querem? Ficam de cara fechada, como se isso fosse normal. O mau humor em pessoa, zero vontade de expressar alguma expressão amigável. Qual a dificuldade de sorrir pra variar? É bom relaxar os músculos da face e mostrar os dentes. Também vale um sorriso tímido, de boca fechada. Vai que aparece uma covinha discreta na bochecha. Uma de cada lado, pra surpresa geral.

Tomara que você não faça parte dessa turma. Acontece ter um dia ruim e perder o ânimo. Ou estar com o pensamento fixo em uma preocupação, o que impede sorrisos e franze a testa. Nessas horas, ajuda lembrar que sorrir faz bem. É como um vento repentino que afasta as nuvens e abre o tempo. Nem é o caso de sorrir para os outros, e sim pra si mesmo. Aquele sorriso que alivia e deixa os problemas do seu tamanho real (não imaginário). Sorrir pra vida, nos dias de hoje, é um ato de rebeldia.

Vizinhos

Voltando aos carrancudos: de todos, a espécie que mais me espanta são os carrancudos conhecidos. Como os vizinhos que são capazes de entrar no elevador e virar a cara — o que dirá sorrir. Querem parecer ocupados e importantes? Eu só vejo a carranca, não desejo essa tristeza a ninguém. O que custa sorrir, nem que seja por educação e alguma noção mínima de boa convivência. Que nada. A pessoa entra muda e sai calada. Nem olha a gente. Estaremos invisíveis sem saber?

Eu não me contagio com os carrancudos. Seria o plano deles desestimular sorrisos sinceros? Faço justamente o contrário: sorrio primeiro, sustento o olhar, cumprimento, incentivo algum esboço de civilidade. Mas tudo tem limite, se a carranca for uma filosofia de vida, azar dessa pessoa que perdeu a leveza, que desconhece gentilezas, que deveria morar no alto de uma montanha sem acesso a outros humanos. Carranca pra mim é fome. É sapato apertado. É dor de barriga, sei lá.

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