Assim como chega, ela vai embora. Mas é sempre uma passagem fulminante. A gente não entende de onde surgiu, e nem se é mesmo virose. Quem mora com mais alguém vira dominó enfileirado: vai derrubando um a um. Se bem que é parte do mistério a virose atacar só um da casa. Semana passada, meu marido teve primeiro. Quando ele melhorou, foi a minha vez. Pensa num estrago. Pelo menos, essa virose respeitou a dinâmica do casal e deixou um em condições de cuidar do outro. 

A primeira desconfiança – já que não dá pra ter certeza de nada – é a comida. Aliás, esse é um dos grandes mistérios da virose. Comemos comida fresca, não faz sentido. Ou foi a água? Será que a virose veio pelo ar, e nos pegou de boca aberta ou numa respirada profunda? No mundo das viroses, existe algum bingo que a gente completa a cartela (sem saber que está jogando), e o prêmio é te tirarem dos eixos? Parabéns, você ganhou mal-estar, dor, vômitos, diarreia e fraqueza generalizada.

Verão

 Virose gastrointestinal ou respiratória: qual a mais comum? A primeira dá no verão, a segunda no inverno? Duvido que seja assim tão previsível. Viroses gostam de manter o mistério, nos pegam desprevenidos, adoram o imprevisto. Mudam os nossos planos, estragam viagens, adiam programas. Assustam nas madrugadas, fazem a gente perder o sono e depois só querer dormir. No momento em que escrevo essa coluna, a minha cama me chama convidativa. O corpo ainda está cansado.

Trabalhar com virose é tarefa ingrata. A concentração some, a prioridade vira comprar Gatorade e bolacha água e sal. Quanto tempo dura uma virose? Terminou mesmo, vida que segue, ou vem mais enjoo e banheiro? Leva um tempo até que a gente consiga voltar pra rotina, comer com tranquilidade, tomar um cafezinho sem medo de passar mal. Reparou que hoje em dia tudo é virose? Vira uma área cinza, onde ninguém sabe direito o que acontece. Paciência pro paciente, é esperar passar.

Leia outras colunas da Maga