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Papo Reto

Manoel Soares: "Pode beijar"

Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados 

15/02/2025 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Manoel Soares / Arquivo Pessoal
Colunista reflete sobre respeito e amizade após a morte.

Se a toda hora nosso celular quebra, não são os aparelhos que estão com problema, mas nós que não estamos sendo cuidadosos. Assim também é com o amor. Muitos leitores estão me convidando para seus casamentos, alguns me chamando para fazer o discurso da união. Quando dá, eu aceito, mas geralmente tento avisar que, quando casamos e trocamos a aliança para simbolizar uma união, repetimos uma prática que vem do Egito antigo. Há mais de 4.800 anos, os gregos e os romanos popularizaram o hábito, sendo assim, temos que ter certeza.

Uma das informações importantes para quem quer colocar aliança no dedo é: “ninguém é de ninguém”. Por mais contraditória que seja essa afirmação, esquecer dela coloca em risco a construção desde a base, pois se acharmos que a pessoa do lado nos pertence, vamos exigir dela obediência e submissão, assim como temos com objetos e bichos de estimação. No casamento, um não pertence ao outro, mas ambos pertencem ao pacto selado, cada um se esforça para que o outro tenha sono bom e sorriso fácil. Mas a meta é que os esforços sejam trocados, se cada um zelar apenas pelo próprio sorriso e sono, não é casamento. 

Tentativas e erros

Outra regra importante é entender que casamento é um amontoado de tentativas diárias com muitos erros. Achar que o fato de casar é passar para um portal que leva ao paraíso é ingenuidade. A aliança está no dedo para que, toda vez que você quiser fugir ou perder as estribeiras, lembrar que voluntariamente deu a mão para que esse objeto fosse colocado. 

Casamento não é como um celular que quebra e trocamos por outro. Diferentemente de objetos, cada queda, cada trauma faz os laços do casamento ficarem mais sólidos. Se isso não acontece é porque, talvez, não fosse amor que unia os corações, mas tesão ou uma admiração que não resistiria aos desafios da convivência. 

Casar é sobre se esforçar para jogar a bolinha da vida exatamente na raquete de quem está no outro lado da quadra, mas, se por acaso tentamos jogar a bolinha da vida em um ponto que a pessoa do outro lado não consegue pegar, deixou de ser casamento e passou a ser algo que ainda não tem nome na língua portuguesa. 

Aos noivos, desejo felicidades e que saibam que estão assumindo o compromisso de fazer outra pessoa feliz e não de ser feliz somente. Podem se beijar agora!


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