Estiagem
Mesmo após chuva, captação de água segue restrita no Rio Gravataí
Depois de chegar ao nível mais baixo, com 1m11cm, a chuva fez com que subisse para 1m21cm, mas situação ainda é considerada crítica
![Lucas Abati](https://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/58034229.jpg?w=128)
A chuva que atingiu a Região Metropolitana na quinta-feira (13) aumentou o nível do Rio Gravataí, mas não reverteu o quadro a ponto de permitir a retomada da captação de água que não seja para consumo humano. A medida passou a ser adotada no dia 5 de fevereiro, quando o nível baixou de 1m30cm, o que é considerado crítico.
Depois de chegar ao momento mais baixo, com 1m11cm, a chuva fez com que o nível subisse para 1m21cm, mas ainda com situação crítica. Responsável pela captação de água para consumo humano no rio, a Corsan afirma que não há risco de desabastecimento à população.
Por conta do cenário, Zero Hora esteve em uma área do Rio Gravataí, às margens da RS-118, conhecida como Balneário do Passo das Canoas. O engenheiro e membro da Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí, Paulo Muller, recorda que o local já serviu como uma espécie de porto. Na manhã de quinta (13), Muller percorreu metros dentro do rio, sem que a água passasse dos joelhos.
— Em condições normais, aqui estaria quase na altura do peito — sinalizou Muller, em um ponto que só possuía terra.
Segundo o engenheiro, as intervenções que o Gravataí sofreu ao longo dos anos, principalmente na década de 60, com a construção de canais para drenagem, tornaram o rio "rápido", que enche e esvazia com velocidade.
— Era um projeto para secar o Banhado Grande, para fazer produção agrícola. Ao drenar o banhado, secou o que era a nascente do Rio Gravataí. Então se secou mais de 70% do banhado, se fez uma "avenida" dentro do Rio, se cortou todos os meandros. Então começou a ter uma enchente muito intensa e uma seca pavorosa, porque não tem mais o banhado — explicou Muller.
Uma das medidas defendidas pelos especialistas e prefeituras da Região Metropolitana é a construção de 13 micro barragens ao longo do rio, com o objetivo de diminuir a velocidade. Essas intervenções foram autorizadas após um estudo conduzido pela Metroplan.
Procurada por Zero Hora sobre essas intervenções, a Fepam informou que "existe um processo de pedido de licença com Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do empreendedor Metroplan, iniciado em 10/01/2022, com termo entregue em 14/12/2022 e, finalmente, protocolado em 06/02/2025".
A licença prevê melhorias do dique já existente e a construção do barramento. A Fepam tem um prazo de 180 dias para analisar o processo, contando a partir do dia 6 de fevereiro, quando o projeto foi protocolado e "caso haja necessidade de complementações, o empreendedor terá mais 120 dias para fazer as juntadas e, após, a Fepam realiza nova análise."