Cândida Simone Gregori, 49 anos, sente diariamente, desde outubro de 2024, a angústia da espera por um exame. O DG já mostrou a história de Cândida na edição de julho do ano passado, quando seu apelo era por uma consulta com um especialista de oncologia. 

Na época, após complicações de saúde, ela realizou uma tomografia, que indicou uma metástase nos ossos e carcinomatose peritoneal (câncer no peritônio). Passado os meses, Cândida seguiu à procura de um diagnóstico final para saber qual seria o tratamento necessário e realizar os exames solicitados pelos médicos, sendo o principal deles uma biópsia, como mostrado no DG em setembro. Esse exame pode mostrar a gravidade do tumor. 

Moradora de Esteio, ela foi enviada para a referência em oncologia mais próxima, localizada no Hospital Municipal Centenário, em São Leopoldo. Sua última consulta foi em outubro do ano passado, onde, novamente, foi indicada a realizar com urgência uma biópsia com punção nos ossos e uma videolaparoscopia de peritônio – exame de imagem que possibilita enxergar por dentro da barriga com uma câmera, geralmente colocada por um pequeno corte no umbigo, para verificar os órgãos internos –, além de diversos exames complementares.

Luta diária 

A vida de Cândida se transformou em uma batalha por seu diagnóstico. Além da biópsia, ela busca na Justiça a liberação de medicamentos para dor, como a morfina e o canabidiol. Ela destaca que sente muitas dores no corpo ao longo do dia e reforça seu pedido por ajuda.

– É um caso urgente, porque eu preciso saber o que tenho. Eu não quero passar na frente de ninguém, mas é uma necessidade sermos atendidos – declara a industriária. 

Há quatro meses, Cândida está em uma fila de espera e aguarda ser chamada para realizar o agendamento dos exames. Os esforços não são poucos. Todas as semanas, a industriária, que está afastada de suas demandas em decorrência da doença, mantém contato com a ouvidoria do Hospital Centenário e com a clínica terceirizada Sidi, responsável pela realização dos exames. Segundo ela, o laboratório faz promessas de agendamento que não são cumpridas.

– Estou me sentindo desamparada em todos os sentidos – afirma Cândida.

No dia 4 de fevereiro, ela procurou a clínica, por meio de um aplicativo de mensagens. Até então, não havia previsão de quando seria marcado o exame. No dia 13 de fevereiro, no final da tarde, a clínica agendou a biópsia por punção para o dia 21 de fevereiro, com horário a ser definido. 

Demora nas marcações dos exames 

No dia 23 de janeiro, a RBS TV produziu uma reportagem sobre reclamações devido a demora na marcação de exames em São Leopoldo. Na matéria, outros três pacientes relataram dificuldades na comunicação e no agendamento com a clínica Sidi. 

Desde o fim do ano passado, a instituição vinha informando aos pacientes que os agendamentos estariam suspensos sem previsão de retorno e que o problema seria financeiro. 

Agora, no mês de fevereiro, segundo a assessoria do Centenário, o hospital negociou os atrasos para que os exames voltassem a ser realizados.

Contraponto

/// À reportagem, o Hospital Centenário informou que o tratamento de Cândida foi iniciado em novembro e que está com um fluxo de tempo adequado para a situação. Sobre o agendamento dos exames, foi relatado que na próxima semana será agendada a biópsia óssea e os demais exames solicitados. Mais tarde ontem, após o retorno do hospital, foi feito contato com Cândida para agendamento da biópsia. 

/// Segundo a assessoria da instituição, o prazo é de 30 a 45 dias para esse exame e a demora é causada pelos “atrasos herdados e a abertura do ano fiscal”.

/// O DG também tentou contato com a clínica Sidi, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.